Continuar o estado de graça

Seleção Continuar o estado de graça

SELEÇÃO17.06.202309:53

Apesar de Portugal nunca ter falhado uma fase final de uma grande competição de seleções desde o Euro-2000, a verdade é que os arranques foram sempre trôpegos nos últimos 29 anos na procura de um lugar em Europeus e com Roberto Martínez a Seleção Nacional voltou a fazer o que não fazia desde 1994: vencer os dois primeiros jogos de qualificação para o Campeonato da Europa.

Com os triunfos sobre Liechtenstein e Luxemburgo, o técnico espanhol igualou o arranque de António Oliveira para o Euro-1996, prova que marcou o futebol português porque foi a primeira em que a geração de ouro que havia conquistado dois mundiais de juniores se mostrou nos grandes palcos internacionais, lançando sementes para grandes colheitas.

Na receção à Bósnia, hoje, num Estádio da Luz com lotação esgotada, a Seleção e Martínez procuram manter o estado de graça com uma vitória sobre aquele que poderá ser, tal como a Eslováquia, o principal adversário pelo primeiro lugar do grupo. Em caso de triunfo serão seis os pontos de diferença, o que ajudará a cavar um primeiro fosso.

Muita comunicação
A obrigatoriedade de manter a concentração nesta fase da época é uma das mensagens que Martínez tem transmitido aos jogadores. Os jogos de seleções de finais de época são considerados os mais difíceis para muitos daqueles que ocupam este cargo, principalmente para aqueles que orientam futebolistas de elite que ou realizaram épocas demasiado desgastantes face ao acumular de jogos ou que tiveram festejos de arromba, como são os casos de Rúben Dias e Bernardo Silva, dois elementos  na história do Manchester City pela participação na inédita conquista do treble (Premier League, Taça de Inglaterra e Liga dos Campeões).

Tendo muito pouco tempo para treinar, tal como Roberto Martínez anotou, ontem, mais do que uma vez, o plano de trabalho consiste muito no poder da palavra. O selecionador preza muito a comunicação, coletiva e individual, e nestas conversas  o catalão tem feito passar as suas ideias aos jogadores, sabendo que, por se tratarem de futebolistas altamente diferenciados, conseguem facilmente transpô-las para o campo.


De qualquer forma vale sempre a pena recordar os princípios e Roberto Martínez repetiu-os ontem: Portugal tem de ser uma equipa de ataque mas que consiga recuperar muito rápido no momento da perda da bola. Para isso exige «equilíbrio» e «muito compromisso», exigência de que não abre mão porque, considera, é a chave do sucesso.

Bósnia só em ‘mata-mata’
As memórias dos jogos frente à  Bósnia e Herzegovina são boas para os portugueses, embora em contexto de stress. As únicas ocasiões em que a Seleção Nacional defrontou o adversário de hoje foram em mata-mata, como diria Luiz Felipe Scolari. Primeiro ocorreu no play-off de acesso para o Mundial-2010, depois para o Euro-2012, uma sob o comando de Carlos Queiroz e outra com Paulo Bento.


A história começou a 14 novembro de 2009: Portugal recebeu os bósnios no Estádio da Luz e venceu por 1-0, com golo de Bruno Alves, seguindo-se um ambiente infernal em Zenica que mesmo assim não impediu novo triunfo luso, com golo solitário de Raul Meireles.


Dois anos mais tarde, mudou a ordem dos jogos: empate a zero na Bósnia e goleada por 6-2 na segunda mão, também no Estádio da Luz, com bis de Cristiano Ronaldo e Hélder Postiga e golos de Nani e Miguel Veloso. No total, quatro jogos, oito golos marcados e dois sofridos.