As picardias com os checos, as críticas de Martínez e o sonho de conquistar: tudo o que disse Diogo Jota
Diogo Jota (foto Imago)

As picardias com os checos, as críticas de Martínez e o sonho de conquistar: tudo o que disse Diogo Jota

SELEÇÃO20.06.202418:45

Confira a conferência de imprensa completa do internacional português do Liverpool, na qual avisa: «Os turcos são superiores aos checos»

Diogo Jota está pronto para iniciar um jogo por Portugal, algo que até pode acontecer já diante da Turquia, este sábado. Avisa o atacante, porém, que não consegue garantir que esteja apto para 90 ou 120 minutos, que só «durante a partida» será capaz de perceber. Destacando o apoio incrível que sentiu em Leipzig e que tem visto em Marienfeld, Jota admite uma imensa felicidade por estar no Euro 2024, confessando que chegou a recear que lhe sucedesse o mesmo que em 2022, quando, devido a lesão, ficou fora do Mundial. A vitória com a Chéquia, nos derradeiros instantes do encontro, «acentou como uma luva».

- Como está a equipa desde a vitória? Ganhou um ânimo diferente, uma alma nova com golo no último minuto? Uniu-vos ainda mais ao sonho dos portugueses que tanto apoio têm dado à Seleção aqui na Alemanha?

- Sublinho, já, o apoio incrível que senti desde o momento em que entrámos em campo para ver o relvado antes do jogo com a Chéquia. Já havia muitos portugueses nas bancadas e isso foi muito gratificante e teve impacto nos jogadores. Ganhar nos últimos minutos é sempre extraordinário. Destaco, ainda, que foi a primeira reviravolta na era Martínez, o que nos dá um sentimento bom e mostra que, mesmo não começando bem, conseguimos dar a volta e vencer.

- Como foi marcar o que parecia ser um golo decisivo e depois vê-lo ser anulado por fora de jogo milimétrico de Cristiano Ronaldo?

- Hoje, com o VAR, temos sempre de esperar… Infelizmente, não contou. Era decisivo, mas mais importante é termos marcado novamente e esse ser a contar, porque a vitória assentou-nos como uma luva.

- Desde 10 de fevereiro que não faz um jogo inteiro. Como se sente fisicamente? Pronto para ser titular?

- É um dado estatístco… Não tinha essa noção. Desde que me lesionei, que trabalhei duro para estar na melhor forma. Na competição é que se sente como estamos, é diferente de treinar. Mas sinto-me bem e capaz para começar um jogo. Não sei se 90 ou 120 minutos, porque isso depende sempre do jogo.

- Tem vivido época ingrata. Fez diferença no Liverpool várias vezes, mas depois teve também muitas lesões. Tem contas a ajustar com esta temporada?

- Verdade, não estive sempre presente esta época… Mas importante foi, desde a lesão, ter trabalhado muito para estar aqui bem. Podem contar comigo, seja para que tempo for…

Diogo Jota não fugiu a nenhuma pergunta (foto Miguel Nunes)

- Nuno Mendes celebrou o aniversário esta quarta-feira e esta quinta foi a vez de Gonçalo Ramos. Deve ser difícil estar longe das famílias. Como foram as festas?

- É uma alegria estarmos todos juntos, a criarmos memórias para o futuro e a dar ao aniversariante o carinho que merece. Cantamos sempre os parabéns depois de jantar e tentamos fazer desse dia um dia especial, até porque, como referiu, não há família por perto.

- Mesmo com tantas lesões, fez 15 golos no Liverpool esta temporada. Que dom é esse tão especial de estar sempre perto do golo?

Não é um dom. É estar perto do golo. É isso que atrai o golo: estar perto dele. Os golos decidem jogos, trabalha-se muito rumo a isso. E em campo sinto que posso estar no momento certo à hora certa no sítio certo.

- A Chéquia jogou com linhas muito recuadas, mas Portugal não tentou remates de longe. Há indicações para só rematar mais perto?

- Lembro-me de alguns remates de fora, alguns deram canto. Temos indicação para tentar desmontar as defesas sem forçar os lances em demasia.O remate fora é uma opção, mas devemos tentar entrar.- Na primeira parte faltou-nos presença na área, mas na segunda tivemos mais e conseguimos chegar ao golo.

- Para Portugal, é preferível enfrentar equipas que queiram jogar mais como a Turquia joga?

- Espero um jogo completamente diferente. Tatica e individualmente, os turcos são superiores à Chéquia. Se impusermos o nosso jogo, seremos mais felizes, pois a Turquia está menos habituada a defender em bloco baixo, Se impusermos igual à Chéquia, estamos mais perto de ganhar.

- Receou não estar aqui como em 2022?

- Sim, na última lesão fiquei com esse receio. Gato escaldado de água fria tem medo. Fique fora do Mundial e não estive longe de me acontecer o mesmo agora. Felizmente não aconteceu e estou aqui pronto para ajudar neste Europeu.

- Turquia ganhou o primeiro jogo, diz que Portugal é favorito. Essa almofada que trazem pode abordar a abordagem turca: mais na expectativa do que a arriscar?

Não sei, resposta difícil, Pode aocntecer isso, mas também que, com 3 pontos, podem levar o jogo de igual para igual, Mas espero jogo diferente a nível tático do que foi o primeiro jogo.

Diogo Jota diz estar apto a jogar de início por Portugal (foto Miguel Nunes)

- Estarão frente a frente duas equipas com 3 pontos a poderem já apurar-se. Isso serve de suplemento?

- Obviamente, o primeiro grande objetivo é passar a fase de grupos. O deles também. Estamos focados para chegar ao jogo da melhor maneira possível.

- Diogo Jota tem uma boa relação com Jurgen Klopp, técnico que nunca escondeu o quanto gostava do atacante português. Ele ligou-lhe antes do  Europeu?

- Por acaso, Klopp enviou-me uma mensagem depois do primeiro jogo. Não lhe escapa nada e sabe os momentos em que tem de falar. Fiquei feliz porque, basicamente, ligou-me para deixar uma palavra de apreço e solidariedade pelo facto de o meu golo ter sido anulado. Foi especial para mim.

- Como foi viver o Euro 2016 na pele de adepto e agora viver por dentro esta euforia desmedida?

- Não diria desmedida. Eles vêm ter connosco com alegria e felicidade e nós queremos dar-lhes alegria ainda maior, como em 2016. Sentimos o apoio e o carinho e sentimos que podemos conseguir construir aqui uma grande memória. Vamos fazer tudo para isso acontecer.

- Pedro Neto e Francisco Conceição talvez tenham sido os mais contestados. Foi especial para o grupo o golo ter ser construído por eles?

- Não! Nós não olhamos para a convocatória como adeptos ou jornalistas que tentam espezinhar as escolhas. São dois desequilibradores natos e foram decidivos. Com dois toques na bola, conseguiram o golo. Que voltem a ser decisivos.

(foto Imago)

- As dificuldades no jogo com a Chéquia também servem de alerta para as dificuldades que cada jogo pode trazer a Portugal neste Europeu?

- Não é fácil para nenhuma seleção. Vejam resultados também de outras equipas. Todos os jogadores que estão no Euro sonham com isto. Então não vai ser fácil para ninguém. E o primeiro jogo seria sempre complicado. Estou muito feliz pela vitória, e dá-nos ainda mais confiança por ser com reviravolta. Queremos selar já a qualificação para não ficarmos com a calculadora na mão.

- Festejou efusivamente frente a um checo no momento do 2-1. Foi libertação ou havia ali alguma picardia?

- Foi só descompressão, alívio, a certeza de que aquele não seria nulado, iria contar. Há sempre picardias dentro de campo. Sei lá, dei-lhe um encosto e ele foi ao chão de forma fácil, a queimar tempo. Noutro lance, perdeu imenso tempo a ir buscar a bola para um lançamento. Foi quando lhe disse: “Nós vamos marcar e tu ainda vais andar aqui a correr” [risos]. Há sempre picardias. Saí eu por cima desta vez e é uma história que fica.

- Viu o Turquia-Geórgia? O que espera dos turcos?

- Não vi todo, só a fase mais inicial. Vi uma grande entrada da Turquia, com muito apoio dos adeptos. Marcaram um, podiam ter marcado outro, mas estava fora de jogo e depois… mudou, é futebol. Não podemos conceder o espaço que a Geórgia concedeu e temos de ter mais controlo de bola.

- O que achou de Arda Guler e o seu golo?

- Não tenho uma opinião específica sobre ele. Conheço a qualidade, fez um grande golo, mas o primeiro da Turquia também foi. Individualmente, a Turquia tem grande equipa, não podemos dar-lhe espaço, temos de ter mais posse, mais controlo e diminuir a quantidade de ocasiões que eles criaram com os geórgios.

Roberto Martínez e Diogo Jota (foto Imago)

- Que tipo de análise fez Roberto Martínez após o jogo? Foi longa ou curta? Teve mais notas negativas ou positivas?

- Foi isso mesmo. Mostrou as coisas positivas, que foram muitas, e falou do menos bom que fizemos, como a fraca presença na área na primeira parte e o que fizemos com bola. Disse-nos que entrámos na área sem convicção. Pediu que com a Turquia seja diferente, que tentemos procurar o golo de forma mais incisiva e não só quando já estamos em desvantagem.