As críticas, comparação com 2016 e o «jogo bonito»: tudo o que disse Roberto Martínez

SELEÇÃO04.07.202419:37

Selecionador nacional fez a antevisão da partida dos quartos de final do Euro 2024, entre Portugal e França

- As críticas dizem que o jogo de Portugal é muito 'mastigado'. É estratégico ou intencional?

«Para nós o importante é trabalhar e mostrar sincronização. Nós sabemos como todas as grandes equipas jogam, o importante é o talento dos jogadores. Tivemos quatro jogos e 30 treinos. Estamos focados, sempre com muita autocrítica, mas o estilo é claro e não precisamos de trocar e mudar todos os jogos para sermos imprevísiveis.»

- O que disse aos jogadores nas grandes penalidades?

«Há momentos que são para o grupo e podemos partilhar no futuro. Essa é uma história para o futuro e gostaria de manter o que aconteceu para nós, amanhã queremos fazer uma nova história.»

- Sobre as críticas às substituições: porque insiste em Bernardo Silva, Ronaldo e Bruno Fernandes?

«As críticas fazem parte do meu trabalho. Já passou um ano e meio e as críticas mostram a paixão que há pela seleção. Temos jogadores importantes, há competitividade no balneário, mas os jogadores sou eu que vejo e tomo as minhas decisões. O foco não é ouvir as críticas, é fazer com que o desempenho seja sempre o melhor possível.»

- Espera que Portugal tenha mais espaço quando jogar contra a França?

«Os jogos são muito competitivos neste torneio. Não concordo que a seleção portuguesa não arrisca, somos das seleções que mais arrisca, mas é diferent chegar ao golo. Queremos melhor e, por exemplo, o jogo contra a Turquia foi muito bom e é uma equipa que está nos quartos de final agora. Não concordo que a equipa não arrisca e não tem personalidade com bola. Há muitos dados que mostram que a seleção arrisca.»

- Os jogadores estão todos disponíveis? O passado de Roberto Martínez com a França, apesar de não ser tão bom, pode ajudar nesta partida?

«Tivemos um treino fantástico e estou muito contente com isso. Todos os jogadores estão aptos. A experiência ajuda, é mais fácil com ela do que sem, mas amanhã vai depender dos nossos jogadores. A França tem bons jogadores como nós e todas as competições são diferentes.»

- A decisão de Ronaldo bater livres é sua ou dos jogadores?

«Passa por mim. Os jogadores praticam isso no treino e o Ronaldo e o Bruno Fernandes têm essa responsabilidade. Temos a sorte de ter dois jogadores com um perfil muito bom para fazê-lo.»

- A Seleção atual é melhor que a de 2016?

«Não gosto de comparar gerações. Como selecinador de Portugal acho que este é um momento chave e gosto de destacar a preparação do Éder para poder criar memórias incríveis. Não gosto de comparar a geração de 2016 com esta geração. Esta geração tem outro caminho, somos uma melhor geração, mas em 2016 tivemos uma vitória na final.»

- Quem pode ser o Éder do jogo de amanhã?

«Todos os jogadores estão preparados. Pode haver dúvidas, mas temos 23 jogadores de campo que estão preparados e podem mostrar a sua qualidade e valências. Não é uma questão de qualidade, mas de psicológico.»

- O que João Palhinha traz à equipa?

«Ele é muito importante no balneário porque dá equilibrio. Trabalha muito sem bola, recupera a bola rapidamente, pára transições e dá espaço e tempo com bola. É um jogador que todos os treinadores valorizam. Para nós, ele é muito importante.»

- Consegue exprimir a sorte que tem em treinar Cristiano Ronaldo?

«Para mim, todos os dias são um novo dia e é incrivel ter um jogador que já ganhou tudo, quebrou todos os recordes de golos e presenças... É um jogador que dá muito à equipa e ele é um exemplo de alguém que quer vencer todos os dias.»

- Há quatro jogadores de origem africana na seleção. Qual é a mais valia destes países africanos no futebol de Portugal?

«Todos os jogadores têm valências diferentes, não importa se nasceram no norte ou sul. Posso dizer que na seleção todos têm uma qualidade humana que faz a diferença.»

- Portugal fará alterações em relação ao último jogo?

«Não posso revelar, mas ainda não falei com os jogadores. Posso só dizer que estamos recuperados dos 120 minutos contra a Eslovénia.»

- Há alguma preparação para parar Mbappé?

«O importante é controlar o contra-ataque. A França não é só o Mbappé, há jogadores que podem atacar o espaço e precisamos de limitar isso. É um aspeto muito forte deles, podem defender com muitos jogadores e depois abrir o espaço em ataques rápidos. Como equipa precisamos de um desempenho completo, parar contra-ataques e defender a nossa área.»

- Portugal-França vai ser um duelo entre Ronaldo e Mbappé? Os portugueses vão sofrer tanto como sofreram contra a Eslovénia?

«Sofrer faz parte da vida, do futebol, de tudo. Podemos prometer que vamos dar tudo, os jogadores estão focados em jogar, mas o futebol é um desporto de equipa. Amanhã não é um desporto de só dois jogadores. Eles têm uma influência incrível, o Cristiano teve influência no Mbappé e o Mbappé tem em outros jogadores, mas amanhã é um jogo em que a equipa precisa de ter um grande desempenho.»

- Uma das críticas feitas à seleção é haver demasiados cruzamentos. Concorda?

«Nós atacamos o adverário por dentro, por fora, pela esquerda, pela direita... Não é uma ideia de só usar um foco. Temos jogadores que podem fazer a diferença em todas as partes do relvado. É certo que os cruzamentos não tiveram a eficácia que podem ter, mas depende de vários fatores. O importante é chegar porque isso é que cria oportunidades.»

- Fernando Santos dizia que «jogar bem não é igual a jogar bonito». Concorda?

«Gosto de avaliar os torneios no fim. Gosto de jogar bem, bonito e com muitos golos. A perfeição não existe, mas vamos para mostrar o máximo. Quando a seleção joga bonito, joga melhor e quando joga melhor tem mais hipóteses de ganhar.»