A tristeza por Otávio e a certeza de que todos estarão a 100% no Euro: tudo o que disse Roberto Martínez
Selecionador nacional fez esta segunda-feira a antevisão do Portugal-Finlândia desta terça-feira em Alvalade
- Aproxima-se o arranque do Europeu. Quais os pontos essenciais a cumprir pela Seleção para ter êxito?
- Temos agora um período de preparaçao muito importante. O objetivo para ter sucesso é ter os jogadores individualmente a um nível ótimo. Nesse plano, gostei muio da vontade e empenho demonstrados no primeiro treino [este domingo] e agora é continuar passo a passo.
- Perdeu Otávio; Matheus Nunes foi primeira escolha para colmatar a saída do médio do Al Nassr?
- Foi a escolha naturalmente óbvia. No estágio de março, Matheus Nunes fez um jogo muito bom jogo com a Suécia e trabalhou no papel que é o de Otávio, tecnica e taticamente. O trabalho dos seis estágios mostra que há jogadores preparados para entrar e trazer o que a Seleção precisa. Perder Otávio dá-me muita tristeza. Ele dá tudo, nos treinos nos jogos, tem um compromisso ímpar e trabalhou muito bem no apuramento. Acontece, na carreira de futebolista, momentos assim, mas deu-me muita tristeza.
- Pepe não jogou a final da Taça e agora chegou e treinou-se logo. Está apto para o jogo desta terça-feira com a Finlândia?
- Está a recuperar. Trabalhou com o grupo, em parte do treino, mas precisamos de mais três ou quatro dias para o que é preciso em termos de competitividade para um jogo. Amanhã [esta terça-feira] não vai jogar. Com o Nélson Semedo também não vamos arriscar. É importante que na preparação os jogadores tenham o que precisam para estar ao melhor nível. Estou contente porque Pepe teve um bom dia [domingo] e a experiência dele é muito importante na Seleção.
- Otávio é a primeira baixa. Teme que possa acontecer com outros?
- Faz parte. Todos os torneios têm um periodo em que as lesões acontecem. Mas estamos a trabalhar com equipa técnica muito competente e, até ao dia antes do jogo com a República Checa (dia 18, primeira jornada do grupo G do Europeu), resta-nos trabalhar de forma positiva. As lesões podem acontecer. Outras seleções também estão a perder jogadores. Estou contente com a equipa médica.
- Cristiano Ronaldo e Rúben Neves já estarão no segundo jogo particular, com a Croácia, dia 8?
- O Rúben [Neves] e o Cristiano [Ronaldo] chegam dia 7. Todos os jogadores tiveram 7 dias para desligar e preparar o Europeu, com mente fresca. É o caso deles, que foram os últimos a terminar a época. Voltam dia 7 e têm plano para entrar apenas no jogo com a Irlanda. Não contra a Croácia.
- Já viveu situações de assobios a jogadores por causa da clubite, que até apelidou como «doença». João Mário e Otávio, por ecemplo. Teme que esta terça, em Alvalade, com Francisco Conceição nas suas escolhas em deterimento, por exemplo, de Trincão e Pote, a situação possa repetir-se?
- A época dos clubes está terminada. Agora é a Seleção. É a equipa de todos. Daqui para a frente, só devemos falar dos jogadores que estão e que vão lutar pela cor do País. Adeptos descontentes? Tivemos dois jogos, sim… Mas o ambiente nos últimos jogos tem sido espetacular. Eles são a força e a energia da Seleção. Os jogos amigáveis também são para isso, para estarmos com os nossos adeptos. Gostaríamos de ter mais jogos com os nossos adeptos. Não vejo a parte negativa, por eles são muito importantes para nós.
- Matheus Nunes era chamado regularmente quando jogava no Sporting, mas, até ao azar do Otávio, estava fora deste Europeu. Ter ido para um gigante como o Man. City e ter menos minutos prejudicou-o?
- É preciso compreender o processo. Um clube novo, um patamar novo, novas exigências, há sempre um período de adaptaçao. O Matheus ganhou a Premier League, é competitivo e valorizo muito o que fez contra a Suécia em março. A carreira de futebol não é marcada só por boas notícias. Às vezes precisam de momentos maus para crescer. Agora, teve a recompensa, a oportunidade para desfrutar e trazer o que pode.
- Porquê Matheus Nunes e não Pedro Gonçalves?
- Na convocatória, já falámos sobre as escolhas. O Matheus tem o perfil do Otávio na qualificação. Usámos 31 no apuramento, agoera reduzimos a 26. E Matheus está por dentro, conhece o grupo, os conceitos, já trabalhámos juntos.
- Tinha referido que Matheus Nunes teria dificuldades em torneio de vários jogos seguidos. Mantém?
- Trabalhamos bem com o Manchester City, temos muita informação e haverá agora um período de preparação para trabalhar tudo isso. Estará perfeito para o primeiro jogo, depois é trabalho nosso para lhe dar o melhor nível.
- A maioria dos jogadores fez mais de 50 jogos. Como sente a equipa fisicamente? Haverá rotação nos jogos particulares?
- A parte física é importante, mas a frescura emocional é a que conta mais e eu vi isso ontem. Agora, é trabalhar com eles na recuperação. São três jogos, vamos utilizá-los convienentemente. Para mim, o ponto mais importante é a fadiga mental e eles motram frescura e orgulho por estarem aqui. É o ponto de partida perfeito.
- Ainda vai definir esquema de jogo para o Europeu? Ou vai com liberdade tática?
- A resposta é fácil: é continuar o trabalho da fase de apuramento. Depois, os adversários, os momentos de forma e as ligações é que responderão ao que devemos fazer taticamente. Temos de ser equipa flexivel e trabalharemos para isso.
- Disse em novembro passado que quem estivesse a 80 por cento não iria ao Europeu? Pepe, Neto, Semedo, Jota estão acima de 80?
- Certamente, estão. O Otávio não está e por isso saiu, infelizmente. Todos os outros, estão a um nível agora que me dá certeza de que estarão a 100 por cento para o primeiro jogo na Alemanha. Todos com épocas diferentes, exigentes, mas acredito muito no que este grupo pode fazer. Estão todos acima de 80 por cento.