A antevisão completa de Martínez

Seleção A antevisão completa de Martínez

SELEÇÃO16.06.202319:47

Tudo o que Roberto Martínez disse na conferência de antevisão do jogo com a Bósnia.

- Sobre a Bósnia, o que pode Portugal encontrar? Quais as maiores dificuldades?

- Acho que a Bósnia é equipa que é exemplo de equipa competitiva, com um treinador que tem clareza tática e que utiliza os jogadores de forma muito clara. É uma mistura de jogadores novos com jogadores com experiência, como Dzeko, Pjanic ou Kolasinac, uma seleção forte. Tive oportunidade de trabalhar com jogadores bósnios em clubes e sei que eles gostam muito de jogar pela seleção. Têm intensidade e uma forma de competir forte e é uma oportunidade para nós.

- Em relação ao guarda-redes, como vai decidir? O Rui e o Diogo são de alto nível, Rui começou os últimos jogos, não sofreu golos, com Diogo lesionado… Como é que se decide?

- Eu acho que a posição de guarda-redes é especial, é diferente de outra. Precisamos de ter clareza, preciso de dizer que gostei muito da atitude dos três guarda-redes, do trabalho do José Sá, todos vimos as boas performances do Rui, que é jogador-chave neste balneário, com experiência e atitude de alto nível. É decisão difícil. No estágio de março acho que foi perfeito, mas precisamos de clareza e o número 1 agora é o Diogo Costa. O Rui Patrício é o número dois e o José Sá é o número 3. Gosto de clareza nessa posição. Jogadores de campo é diferente, temos cinco substituições, o momento de forma do jogo, o adversário, há muitos detalhes.

- Já disse que respeita a decisão de João Mário (renunciou à Seleção em vésperas desta convocatória). Teme que outros jogadores tomem a mesma decisão?

- Não. Falei da situação com o João, é decisão pessoal, respeito e ele teve carreira pela Seleção e nós tivemos que ver isso. Temos 26 jogadores, todos querem jogar e ser importantes para a Seleção e isso é muito importante para mim. Vejo orgulho e energia no balneário, vejo os jogadores com orgulho especial para jogar pela Seleção. É situação natural, normal. Precisamos de jogadores constantemente e de um ambiente de alto desempenho e rendimento e temos jogadores que podem fazer diferentes funções, temos muitos jogadores.

- Alguns jogadores, como Ronaldo, não jogam há 2/3 semanas. Como faz essa gestão? Vai dar primazia a quem jogou até mais tarde?

- A nossa visão é menos complicada que isso. É o trabalho do treino, trabalhamos muito bem, temos ideia clara para jogar amanhã e precisamos dos jogadores para isso. Temos dois jogos em 72 horas, isso é importante para a planificação. É complicado olhar antes do estágio.

- Mas como vai fazer?

- Eu tenho um treino mais, não sei quem vai jogar amanhã. É impossível dar resposta, não tenho resposta, mas digo que temos ideia muito clara para jogar amanhã e precisamos de ter todos os jogadores preparados. Não vou olhar de forma complicada, os treinos de terça e quarta foram importantes para nós e o treino de hoje final. Amanhã posso dar a resposta exata.

- Como Toti Gomes está a reagir a esta primeira chamada? Pode estrear-se?

- Toti é jogador diferente. Acho que nós, agora, para jogarmos com três centrais precisamos do perfil do Gonçalo Inácio e do Diogo Leite, mas o perfil do Toti é totalmente diferente e gosto muito da atitude dele. Tem um potencial mais alto do que eu achava depois de ver os jogos do Wolverhampton e agora foi muito interessante trabalhar com Rúben Dias, António Silva, Pepe, Danilo, Toti e Gonçalo Inácio. Temos seis centrais de alto nível. Toti precisa de mais tempo para conhecer os nossos conceitos, mas foi surpresa muito, muito agradável

- Na sua forma de pensar o jogo, até que ponto a criatividade tem de ser mais importante que a parte tática?

- A minha responsabilidade é fazer do talento individual uma equipa compensada e equilibrada. Bernardo [Silva] e Bruno [Fernandes] são muito inteligentes para controlar o espaço e o tempo, mas precisamos de jogadores como João Félix ou Rafael Leão, com capacidade de 1x1 e para dar à equipa formas de atacar diferentes. Agora preciso de adaptar-me às qualidades individuais dos jogadores e eles habituarem-se à ideia da equipa porque precisamos de ser uma equipa equilibrada. Há posições no relvado que não são fixas e é importante para o futebol moderno ter o controlo da bola, que é o que nós queremos,

- Já vamos ver o Portugal que quer? Já teve condições para colocar em prática o que pretende?

- Eu acho que nós vimos o Portugal que gosto na segunda parte com Liechtenstein e na partida com o Luxemburgo. Precisamos de crescer, acho que os jogadores surpreenderam-me a jogar com um futebol que precisa de muito mais tempo. Em março vimos muitos sinais e momentos, a movimentação de ataque, a ligação dos jogadores, conceitos táticos, fiquei muito contente e agora precisamos de fazer o mesmo contra a Bósnia.

- Como vê a época de estreia de Ronaldo na Arábia Saudita? Como chegou em termos emocionais e físicos?

- Tenho muita experiência com jogadores que jogam na Europa e fora da Europa, algumas vezes é uma vantagem para jogar na Seleção. Nós temos três formas de analisar um jogador: a qualidade individual; a experiência; o compromisso. O compromisso do Cristiano é total, é um exemplo no balneário, um exemplo para o futebol português e mundial, é um jogador com 198 internacionalizações. Numa situação normal, como outro jogador, precisa de fazer um bom treino, de treinar bem, para poder jogar, e é isso o que precisamos, de um ambiente de alto rendimento, com competição entre os jogadores. É a primeira vez que trabalho com Pepe e são exemplos para o futebol português e exemplos que precisamos de deixar para os mais jovens, pela experiência e sabedoria.

- Na forma como joga, fica a faltar espaço para criativos mais ofensivos? Ou permite aos mais criativos e ofensivos soltarem-se no campo, e terem menos preocupações defensivas?

- É normal ter equipa equilibrada. Precisamos de jogadores excecionais nas suas funções, de jogadores que durante o jogo acham que sabem defender com a bola, jogadores rápidos para defender rápido, temos muitos jogadores de ataque e qualidade individual e isso pede que tenhamos a bola e de assumir riscos. Mas é fundamental ter equilíbrio. Temos qualidade individual para ter futebol de ataque, Portugal tem de ser equipa de ataque e de marcar golos, mas também rápida a defender, defender em cima e evitar que o adversário tenha a bola.

- Pepe parte à frente na hierarquia?

- Não é caso de hierarquia. Os guarda-redes precisam de confiança, de hábitos. Agora temos 23 jogadores de campo, precisamos de escolher e fazer um plano para os dois jogos, mas é totalmente diferente da forma como vejo a questão dos guarda-redes.

- Se a Bósnia perde este jogo fica atrasada no objetivo da qualificação. Isso torna a Bósnia mais perigosa para Portugal?

- Acho que a Bósnia é equipa muito competitiva, em casa joga com muita intensidade. Acho que vai jogar amanhã da mesma maneira que joga em casa, com estrutura muito bem equilibrada. Mas em março vimos que a Bósnia jogou com a Islândia com um ataque muito forte e depois com a Eslováquia teve jogo difícil, mas na segunda parte foram flexíveis taticamente. Perderam dois jogadores importantes, mas têm referências como Pjanic e um jogador muito específico para jogar na linha de 5 como o Kolasinac. Acho que é seleção muito completa.

- A Bósnia adiou o treino, atrasou-se na chegada a Portugal e pode chegar a menos de 24 horas do jogo. Pode ser adiado o jogo?

- Acho que vão chegar antes das 19.45 horas de amanhã, está claro. Tivemos jogos nos Europeus em que tens de viajar no dia do jogo, não é problema… As equipas e os jogadores no futebol moderno estão preparados para viajar e jogar no dia do jogo, não é problema.

- Como olha para o futuro e para o potencial de Portugal? Que pode oferecer esta Seleção aos portugueses? Mais títulos?

- Temos jogadores fantásticos, uma história fantástica e ganhadora e temos apoio dos adeptos que é espetacular. A minha responsabilidade é focar-me na qualificação para o Europeu e passo a passo vamos crescer todos juntos. Mas quando vejo o estádio cheio, amanhã, e em setembro e outubro, é incrível, todos estamos ali para crescer muito como equipa.

- Gonçalo Ramos está disponível?

- O Gonçalo falhou o treino de ontem, o de hoje também, acho difícil para fazer os dois jogos. É uma situação em que precisamos de ter jogadores a cem por cento e não meter em risco os jogadores. Vamos avaliar com os médicos, mas acho que é difícil, com dois jogos com 72 horas de intervalo é difícil [Ramos seria dado como dispensado depois de terminada a conferência de antevisão].