GUTERSLOH — Foram 24 horas de pura adrenalina. Primeiro a euforia da chegada a solo germânico, uma multidão ávida de um pequeno gesto, de uma fotografia ou mensagem de esperança de um dos seus ídolos. Depois, o ponto mais alto, o primeiro treino aberto da Seleção a todos os portugueses. Alguns esperaram uma vida por aquele momento. «Talvez a última oportunidade que teremos de ver ao vivo o nosso Ronaldo a jogar», diziam-nos. Fotos que marcaram o dia da Seleção Depressa, porém, esqueciam exercícios de futurologia. Gutersloh, uma localidade que fica situada a cerca de 10 quilómetros de Marienfield, casa forte da seleção, foi completamente invadida por uma onda lusitana. Literalmente. Naquela hora e meia de treino — pouco exigente, menos tático, e que serviu, sobretudo, para animar os 8.210 presentes — houve mais de uma dezena de tentativas de invasões de campo, uma placagem feita pelo guarda-redes José Sá, já na parte final, para impedir um adepto que vinha mais acelerado, um sem número de manifestações de carinho em todos os exercícios, todo o sorriso de um internacional português, de cânticos (muitos...) direcionados, claro está, a Cristiano Ronaldo. É o agora craque do Al Nassr que continua (sempre) a mover multidões. A bandeira de toda uma equipa, uma geração que, para já, entrará a ganhar com o apoio e crença dos milhares de emigrantes unidos pela paixão de um país. Desde muito cedo, milhares de emigrantes portugueses começaram a encher as artérias adjacentes ao estádio onde vai realizar-se o treino. Bandeiras, caras pintadas, muitos cânticos, bombos e gritos por Portugal encheram de cor e alegria as ruas de Gutersloh. Dos mais novos aos mais velhos, ninguém quis perder a oportunidade de ver de perto os heróis que, a partir de terça-feira, dia do duelo de estreia no Europeu com a República Checa, representarão Portugal no Campeonato da Europa. Enquanto não chegava a hora, uns iam-se entretendo a jogar futebol, outros iam ganhando forças junto das roulottes de bifanas, petisco tipicamente português e que, por estes dias, deixa o seu aroma nos ares da Renânia do Norte. Na sequência da polémica dos bilhetes à venda no mercado negro por 500 ou mais euros — em particular aqueles que foram distribuídos pela UEFA e pela autarquia de Gutersloh — e após muitos sinais de indignação por parte da comunidade portuguesa na região, a FPF decidiu entregar em mão os 1600 convites a adeptos subscritores do Portugal+ residentes na Renânia Vestefália Norte, todos identificados individualmente.