Vítor Bruno: tudo ou nada

Três derrotas seguidas deixam o treinador do FC Porto sobre brasas. Para já tem assumido responsabilidades e até teve a coragem de enfrentar os mais críticos. Só falta mesmo ganhar...

A imagem de Vítor Bruno à frente da equipa do FC Porto no relvado de Moreira de Cónegos, olhando para os adeptos em fúria nas bancadas e ouvindo grande parte do repertório de insultos, será marcante e talvez definidora desta época no universo azul e branco. O treinador não virou a cara à contestação e chamou a si o coro de críticas, protegendo os jogadores, a quem constantemente desculpa a imaturidade e a falta de uma voz de comando.

A ressaca da derrota estrondosa no Estádio da Luz prolongou-se durante duas semanas e não teve a resposta que os adeptos esperavam de um clube que não admite ciclos negativos muito duradouros. As três derrotas consecutivas já seriam sinal de alarme suficiente – não aconteciam há 16 anos… -, mas o que porventura estimula mais a revolta é a forma como o FC Porto se tem apresentado em campo, com exibições fracas, sem fio de jogo e jogadores desorientados e expostos a erros quase infantis, que acabam a chorar.

O treinador tem assumido a responsabilidade - ainda que vincando sempre que tem menos descanso do que os outros -, mas o pavio será sempre muito curto para os 20% de sócios que não perdoariam qualquer falha, sobretudo as de identidade. Já os restantes 80% estarão decerto preocupados, mas têm mais paciência para as idas ao balneário e ao Olival ou saídas do estádio do presidente. É algures entre estas diferentes pressões que André Villas-Boas tem de encontrar o equlíbrio para agir num momento tão delicado. Colocar todo o peso em cima de uma jovem e promissora equipa seria errado, como também o seria mudar de treinador sem ser para melhor nesta fase. Mas o pior seria mesmo nada fazer e esperar que o vislumbre de alegria em campo do início da época regresse como que por magia.

Certo é que a eliminação da Taça de Portugal não pode deixar nada como antes. Vítor Bruno deve perceber o que está a falhar e mudar rapidamente, encontrando de vez um rumo e defendendo e aplicando as suas ideias, porque só as vitórias convincentes o vão tirar da linha da frente das críticas. É por aí que ganhará o plantel, e não por dizer que Fran Navarro merece cada cêntimo, para depois o colocar no 11 sem saber o que fazer. Também será esse o segredo para conquistar os adeptos, porque sejam 20 ou 80%, o que eles querem é ganhar - e ganhar à FC Porto. É já depois de amanhã que há jogo com o Anderlecht para a Liga Europa e arrisco dizer que será mesmo a última oportunidade de isto acontecer com todos estes protagonistas.