Vitinha e mais 10

Médio do PSG está a fazer uma época estrondosa e o Euro está aí à porta...

Quem viu os dois jogos dos quartos de final da Liga dos Campeões entre PSG e Barcelona certamente ficou satisfeito com o espetáculo proporcionado pelas duas equipas. Mas, para um português ou uma portuguesa, deu um gosto especial ver o melhor futebol do mundo com Nuno Mendes, Gonçalo Ramos, Vitinha, João Cancelo e João Félix em campo (Danilo não foi utilizado). A menos de dois meses do Euro 2024 na Alemanha, parece que continua a impressionar o talento que os jogadores lusos demonstram nos maiores palcos, sem medo e vergonha de não só estarem entre os melhores, mas serem mesmo os melhores.

Vitinha é o melhor exemplo. O médio do PSG marcou dois golos aos catalães e fez duas exibições monstruosas, levando para a frente uma equipa carregada de estrelas, que dependem da sua batuta.

Quem acompanha a carreira de Vitinha, não está propriamente surpreendido. Tirando aquele empréstimo ao Wolverhampton - que uns veem como desperdício, outros como fase de crescimento -, o médio formado no FC Porto tem evoluído de forma consistente e não é por acaso que 2021/2022 (a única que fez completa na equipa principal dos dragões) foi a melhor época das sete de Conceição: mais pontos, melhores exibições, futebol de Coliseu. Voilà!

No PSG, um clube que tem tanto dinheiro quanto instabilidade, Vitinha é o equilíbrio que faltava. Joga quase sempre bem, pensa e decide melhor do que outros e, agora, até perdeu o receio de rematar ou aparecer mais vezes na área (com nove golos marcados, já atingiu a época mais goleadora de sempre). Não acho um critério essencial para a sua posição (Moutinho que o diga), mas lá que ajuda, ajuda.

Isto bastaria para que o orgulho português justificasse este artigo de opinião, mas estamos perto do Europeu, portanto outros valores se levantam. Bem sei que o selecionador é que manda e que Portugal tem tantos bons jogadores que é quase uma infâmia exigir lugares cativos, mas Vitinha está, neste momento, num nível acima.

Roberto Martínez tem muito por escolher naquele meio-campo e vai mudando consoante os adversários e o plano do jogo. Mas, até agora, parece dar preferência a Rúben Neves e Otávio. O que, tendo em conta a forma e a qualidade de Vitinha, me leva a imaginar Bart Simpson a escrever no quadro: a liga francesa é melhor do que a árabe, a liga francesa é melhor do que a árabe, a liga francesa é melhor do que a árabe - e a Liga dos Campeões está acima de tudo e de todos.

Há um clichê futebolístico algo redutor que às vezes convém recordar: (mesmo tendo em conta jogos diferentes e adversários que exigem coisas diferentes) os melhores devem jogar sempre. Não sei o que Vitinha precisa de fazer mais para garantir a titularidade, mas ficarei desiludida se Portugal não lhe der o devido valor. Se alguém tiver dúvidas, recomendo que se sente no sofá e o veja jogar. Tem resultado perfeitamente comigo.