Vergonha

Acredito que seremos uma das dez seleções que de forma direta marcaremos presença no Mundial do Catar

Ontem um golo claro de Cristiano Ronaldo não foi validado. Percebemos a importância do VAR para a verdade desportiva . Mas também não entendemos como um fiscal de linha não consegue vislumbrar um golo claro. Foi um erro clamoroso da equipa de arbitragem. Não havendo nem VAR nem linha de golo fica a vergonha de um golo não validado. Mas importa dizer que o jogo teve duas metades distintas. Uma primeira de domínio de Portugal e uma segunda em que Portugal não conseguiu segurar a Sérvia, a sua reação e a sua mudança tática. Agora temos o Luxemburgo que ontem ganhou na Irlanda. Mas de ontem, com um grande Bernardo Silva e o instinto goleador de Diogo Jota, fica a vergonha de um golo marcado... e que não contou . Seriam três pontos e apenas conta um. Mas acredito que seremos uma das dez seleções que de forma direta marcaremos presença no Mundial do Catar. Onde haverá VAR e linha de golo. Todos vimos ! Quase todos importa dizer!

Se ontem em Belgrado jogou a nossa principal seleção, hoje em Ljubjana joga, num jogo grande, a nossa seleção de sub-21 procurando frente a Inglaterra garantir o acesso à singular fase final do Europeu desta especialidade. Os quartos de final irão disputar-se a 31 de maio, as meias-finais a 3 de junho e a final, na capital da Eslovénia, a 6 de Junho, quase nas vésperas do arranque, ao que se lê com algum público em determinados estádios, do Europeu de futebol de 2020, adiado para este ano de 2021! E, após o jogo frente ao Luxemburgo na próxima terça feira - o terceiro  desta primeira jornada rumo ao Mundial do Catar -, a nossa Seleção vai lutar pela renovação do seu brilhante  título  europeu e regressa em setembro às triplas disputas/jornadas  que a levarão, esperemos que de forma direta, ao Mundial de Futebol do Catar. A quarta jornada decorrerá a 1 de setembro  com a receção da Irlanda e terminaremos a fase de qualificação recebendo a Sérvia a 14 de novembro. Mas, agora,  e depois desta pausa de março para as diferentes seleções, teremos o regresso, em força e com acrescida paixão, e por vezes pouca razão, das competições nacionais e das duas competições europeias de clubes. E não ignorando que na próxima quarta-feira poderemos saber como fica a nova Liga dos Campeões. O que já parece certo é que passará de 32 para 36 equipas e, logo, com mais jogos (e logo receitas!), o que determinará urgentes reflexões internas quando ao número de participantes nas principais ligas domésticas. Ao mesmo tempo que se anuncia uma revolução no centro da Europa, com a anunciada fusão das ligas belga e holandesa! Acredito que entre esta semana e o dia 20 de abril, data em que se realiza o Congresso da UEFA, muito leremos e bastante analisaremos acerca da reformulação dos modelos das competições europeias e, por conexão, de cada uma das competições nacionais. O que vai implicar alguma discussão, certa controvérsia e claras desilusões. Que, aliás, não se vão restringir às competições europeias mas que determinam, com urgência, esclarecimentos e decisões efetivas no que concerne às revisões, em curso ou em estudo, dos diferentes modelos nacionais. Vamos ter, assim, disputas nos relvados e muitas disputas fora deles. Umas e outras com paixão. As primeiras com VAR; as segundas sem VAR. Mas, aqui, com muitas vozes, indiscutíveis novidades e anunciada controvérsia! Sendo certo que «nenhum grande homem se queixa da falta de oportunidades»! Que vai haver!

Muito se escreve, e fala, e critica, acerca  de decisões de Tribunais. De diferentes Tribunais. Por vezes com sabedoria e sagacidade, em outras com encartada ignorância. E, aqui, recordo sempre as palavras lidas do politico inglês  Disraeli : «Ter-se a consciência de que se é ignorante constitui um grande passo na direção da sabedoria»! Por exemplo, um número significativo de cidadãos e cidadãs da Alemanha apresentaram, legitimamente, uma queixa no Tribunal Constitucional alemão contra  a decisão europeia de emissão de obrigações nos mercados para financiar até 750 mil milhões de euros. O  mesmo Tribunal, com alguma (pouca) surpresa,  decidiu aceitar, na passada sexta-feira, a queixa e determinou que o Presidente da Alemanha «não pode promulgar a Decisão antes do exame da queixa recebida»! O que implica que a bazooka europeia dramaticamente vai ter, por ora,  de esperar ! Por cá o Tribunal Constitucional, já em dezembro de 2020, e com poucos a darem nota ou relevo, voltou a pronunciar-se  pela inconstitucionalidade «por violação do direito de audiência e defesa consagrado no n.º 10 do artigo 32.º da Constituição» da «norma que estabelece a possibilidade de aplicar uma sanção disciplinar, no âmbito de procedimento sumário, sem que esta esteja precedida da faculdade de exercício do direito de audiência pelo arguido, extraível do artigo 214º. do Regulamento Disciplinar das Competições organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional». E o conhecimento oficioso deste acórdão - o terceiro de teor similar e com as consequências constitucionalmente determinadas - determina que o conjunto dos Tribunais -  todos eles! - o respeitem e o acatem. Ou seja não o podem ignorar nas suas concretas, consequentes e específicas decisões. Sei que, por vezes, será uma chatice e por outras importa chutar para canto suscitando outras questões, que também por associação discreta, sejam, neste tempo, mais convenientes! Mas, como nos disse Nietzsche, em vésperas de dia das mentiras, «as convicções são inimigos da verdade bem mais perigosos do que as mentiras»!

Hoje disputam-se, respetivamente no Barém e no Catar, as primeiras provas - voltas! - dos Mundiais de Fórmula 1 e de MotoGP. Aqui a nossa atenção centra-se, e bem, em Miguel Oliveira e agora na sua oficial KTM. E teremos oportunidade de o ver, mesmo que  seja ao longe, no Autódromo do Algarve, em Portimão,  no fim de semana de 18 de abril. Tal como quinze dias depois, a 2 de maio, no mesmo atrativo autódromo, teremos o regresso da Fórmula 1 e ao que se lê  esta época pode significar a despedida de Lewis Hamilton e o regresso competitivo da Ferrari. Mas com Hamilton a poder chegar a números bem impressionantes e históricos : 100 vitórias e 100 poles! Boa sorte Miguel Oliveira! E muitas felicidades para este Mundial de MotoGP!