Vêm aí os americanos!
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OPINIÃO Vêm aí os americanos!

OPINIÃO07.08.202417:49

Mais do que nunca com os olhos postos na Europa, a NBA pondera investir numa competição ou até criar uma liga europeia de basquetebol e já está em conversações com a FIBA

Com os Jogos Olímpicos de Paris-2024 já a decorrerem e os futebol na Europa a regressar aos trabalhos depois do Euro da Alemanha, a notícia passou sem grande impacto, mas, segundo o próprio commissioner Adam Silver revelou, a NBA tem intensificado conversações com a FIBA com intenção de ampliar a sua pegada na Europa.

Neste momento existem duas hipóteses: criar uma competição anual ou construir uma liga gerida pela NBA, cujos investidores serão os donos dos clubes americanos, como acontece na G- League e na maior parte da WNBA, ou com investidores europeus.

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How! Após décadas a ouvir, sem fundamento, sobre a hipótese de serem criados um ou dois clubes da NBA na Europa, o que seria pouco viável, logo à partida devido à distância das viagens, sobretudo para a costa Oeste dos Estados Unidos num campeonato que na fase regular tem 41 partidas fora, agora a ideia será mesmo criar uma NBA europeia. O que, diga-se, também não é novidade.

Recordo-me quando existia na pré-temporada da Liga o McDonald’s Championship que, entre 1987 e 1999, nas suas nove edições e tendo sido a primeira em Milwaukee, trazia anualmente à Europa uma formação da NBA, conseguindo nas três últimas que até fosse o campeão.

Quando acabou, uma das justificações foi porque o evento se tornara demasiado caro e a NBA quis alterar de estratégia. O que fez, trazendo equipas para jogos de exibição contra adversários europeus, ou realizando anualmente um encontro oficial da regular season em Londres ou Paris entre dois clubes e que, em 2024/2025, novamente na capital francesa, passará a dois jogos, entre os Spurs e os Pacers. Afinal faz parte de um plano maior.

Mas, em 2000, corria também o rumor de outra explicação. A maior parte dos principais clubes da Europa, aqueles que a NBA defrontava, haviam criado a EuroLiga em oposição à Liga dos Campeões, gerida pela FIBA.

E a NBA, numa política de boas relações, depois de ter tido o apoio da FIBA para levar o Dream Team aos Jogos de Barcelona-1992, não queria optar qual o campeão a convidar. Até porque a Euroliga, que é praticamente fechada, continua a ser a principal competição e ainda possui a Eurocup, enquanto a FIBA organiza a Liga dos Campeões e Taça Europa, terceira e quarta prova continental.

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O facto de a NBA estar a ter conversações com a FIBA pode servir para que a entrada na Europa não provoque as ondas de choque semelhantes às que a criação da SuperLiga europeia de futebol levantou na UEFA e federações nacionais. Para já sabe-se que a NBA acredita que o projeto tem viabilidade de crescimento, mas com tempo e tentando não mudar a atual estrutura competitiva. O que me parece impossível.

E como reagirão Real Madrid, Barcelona, Panathinaikos, Olympiakos, Partizan de Belgrado, Bayern, Milan e por aí fora?

A Liga americana considera haver potencial, desportivo e de rentabilização, para que a Europa possua essa competição, o senão é que os estudos encomendados à Raine Group indicam que as principais equipas de basquete europeu, apesar de existir a oportunidade de negócio, não são muito rentáveis e a maioria até perde dinheiro. Por isso muitas estão associadas a clubes de futebol, poderosos, vários deles rentáveis, mas onde o desejo de conquistas ambicionadas pelos adeptos — na NBA não há sócios — faz com que seja admissível o prejuízo no basket.

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Ora, isso vai contra a filosofia de negócio da NBA, onde o lucro está na base do sucesso de um basquetebol de qualidade e é importante que as receitas existam e seja extensíveis a todos.

Mas haverá mais problemas a enfrentar, como são os tetos salariais para nivelar a competitividade e garantir o lucro. Nem no futebol europeu isso tem sido conseguido e há constantemente superclubes a violar regras e todos assobiam para o lado. Esse e outros problemas como controlos fiscais apertados será uma questão importante na diversidade europeia. Agora, uma coisa parece certa, o que alguns temiam estará mais perto que nunca: os americanos vêm aí! Até poderá provocar a otimização do negócio basquetebol e ele ter reflexos pelo continente. E, quem sabe, chegar a Portugal.

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