EDITORIAL Uma pausa no circo da política
Depois do tsunami político, vem aí um fim de semana de futebol de altíssima voltagem
O tsunami que virou de pantanas a política portuguesa na última terça-feira tem ocupado, justificadamente, já que é o nosso futuro comum que está em causa, o espaço mediático, baixando a intensidade dos holofotes que incidem sobre um fim de semana que tem tudo para ser marcante para a história da I Liga, ou não houvesse já hoje um Vitória de Guimarães-FC Porto e amanhã um Benfica-Sporting, que podem revelar-se mais importantes do que os três pontos que estão em jogo.
Depois de uma jornada europeia que, apesar da derrota no Bernabéu, não beliscou o SC Braga, permitiu ao Sporting alguma poupança a pensar no dérbi, e ajudou o FC Porto a lamber as feridas deixadas pela derrota caseira frente ao Estoril, foi o Benfica a ficar na situação mais periclitante, depois de uma meia hora inicial em San Sebastián do pior de que há memória na longa e prestigiada história dos encarnados nas competições europeias. Não fora a implosão do Governo de António Costa, ocorrida na véspera do desastre de Anoeta, e a pressão mediática sobre o Benfica, e sobretudo sobre Roger Schmidt, teria elevado a níveis de dramaticidade ainda mais vincados o resultado do dérbi de amanhã.
Hoje, no estádio D. Afonso Henriques, perante um Vitória SC que em caso de triunfo iguala pontualmente os dragões, Sérgio Conceição tem um teste exigente, potenciado pelo desaire frente aos canarinhos, que pôs em polvorosa uma nação portista que começa a contar espingardas de olhos já postos no ato eleitoral que deverá ocorrer em abril (embora junho não seja carta fora do baralho).
Porém, o nível de escrutínio que espera Schmidt será ainda superior, depois do treinador dos encarnados se ter mostrado à deriva no duelo com a Real Sociedad, numa noite em que, mais penalizador para os benfiquistas do que a sua equipa ter perdido, foi, sem dúvida, a forma como perdeu. Se Roger Schmidt não parar para pensar, se não refletir e concluir que se não apresentar uma equipa onde todos corram, para a frente e para trás, terá escassas hipóteses de sucesso, colocando Rui Costa numa posição ingrata.
É provável que, desde já conhecidas as linhas políticas com que nos vamos coser até às eleições de 10 de março de 2024, este seja um fim de semana de futebol de altíssima voltagem...