Uma nova versão dos três mosqueteiros?
5/11
Qual a semelhança entre o último onze do escrete brasileiro e a seleção portuguesa de sub-21? A resposta é simples: 5 em 11. Ou seja, os brasileiros apresentaram cinco antigos jogadores do FC Porto na equipa inicial - por coincidência, toda a defesa mais o trinco, a lembrar: Danilo, Thiago Silva, Éder Militão, Alex Sandro e Casemiro. Já se adivinha o resto: sim, também a equipa cujo responsável técnico é Rui Jorge escolheu cinco jogadores que representam os Dragões, ou seja: Diogo Costa, Diogo Queirós, Diogo Leite, Vítor Ferreira e Fábio Vieira. E Romário Baró e Fábio Silva não puderam alinhar, por estarem lesionados…
Da mediocridade dos ‘professores’ brasileiros aos ‘misters’ tugas
Tomem boa nota, sff, e comecem a contar: José Mourinho, Marco Silva, Nuno Espírito Santo, Paulo Fonseca, Luís Castro, Abel Ferreira, Pedro Martins, André Vilas Boas, Leonardo Jardim, Paulo Sousa…e não vale a pena continuar, pois não? Todos os citados são treinadores em importantes ligas europeias, não falando já de selecionadores nacionais (como Carlos Queiroz na Colômbia) ou de treinadores campeões nacionais e de momento a trabalhar fora da Europa (casos de Vítor Pereira e Rui Vitória).
Em contrapartida, quantos professores (como no Brasil é comum chamar aos treinadores) orientam equipas europeias, ainda que medianas? Salvo erro ou omissão…nenhum! Nem um… Ou será que isto não quer dizer nada?
Mr. JJ
OFlamengo já era o clube mais popular do Brasil. Pelo menos neste fim de semana será também o de quase todos os portugueses.
José Mourinho
Um ano depois, José Mourinho volta ao activo. Que é uma outra forma de dizer que estará de novo no banco de uma equipa de topo. E ele sempre afirmou que assim seria. Porque se considera ele próprio como um técnico de topo, só poderia dirigir uma equipa que também pertencesse à primeira linha do futebol europeu. E não me parece haver dúvidas do acerto deste seu juízo. Mas terá sido a escolha em concreto coerente e consistente com o pressuposto enunciado? Vejamos. Os Spurs são uma boa equipa, mas não gozam, nem de perto, do estatuto e do prestígio atribuídos ao grupo formado pelo Liverpool, pelos dois de Manchester e até pelos rivais londrinos Arsenal e Chelsea (muita atenção ao desempenho de Frank Lampard…). Mais duas notas iniciais. Primeira: da sua equipa técnica já não resta um só membro, um único, do grupo com que começou a sua carreira internacional. O último a abandonar, ou a ser preterido, não sei, foi o também setubalense Silvino Louro, treinador de guarda-redes. Segunda nota: se não estou equivocado, esta é a primeira vez na sua experiência internacional que Mourinho assume o comando de uma equipa a meio da temporada (ao contrário do que sucedera em Portugal, com o Benfica e com o FC Porto, no dealbar da sua carreira como treinador principal). No sentido inverso, por duas vezes não completou a época no Chelsea e no ano passado foi afastado do Manchester United. Coincidência ou não, tudo isto se passa na Premier League, sem qualquer espécie de hesitações o melhor, mais espectacular e competitivo de todos os campeonatos nacionais. Logo, para onde tendem a ir os melhores jogadores. E quem diz jogadores diz treinadores. Ora, sucede que para a generalidade dos adeptos os dois melhores técnicos do mundo são, presentemente, Pep Guardiola e Jurgen Klopp. Nada mais nada menos do que o campeão em título e o actual campeão europeu. Ambos com uma legião de apoiantes, mas cada um com o seu próprio estilo. De tal modo distintos que quase se poderiam declarar como antónimos. E só não o são mesmo por duas pequenas subtilezas: ganham quase tudo e dão espectáculo. No fundo, este duelo é como o torneio privativo e exclusivo que, dentro das quatro linhas, Ronaldo e Messi têm disputado na última década para apurar, em definitivo, qual deles é o melhor do mundo. Será possível a José Mourinho intrometer-se nessa refrega, desse modo passando a haver uma nova versão dos três mosqueteiros? Duas observações finais: i) das vezes anteriores, Mourinho chegou a Inglaterra como um messias chamado Special One, condição que hoje não lhe é, de todo, reconhecida; ii) a primeira fase da carreira de Mourinho foi marcada por uma compulsão de vencer e a segunda por um receio de perder - como será a terceira?