Uma jovem lição
Antes das decisões sérias, imagens inspiradoras
Decidi o tema desta crónica logo na terça-feira passada, pouco antes das 20 horas. 19.44 horas, mais ou menos. Estava na cozinha, virei-me para a televisão sintonizada na Sport TV quase sem som e o que vi deixou-me maravilhada.
Eduardo Quaresma, de verde, e João Neves, de vermelho, trocavam sorrisos e abraços. Junto deles também Samuel Soares, Tomás Araújo, Tiago Gouveia e António Silva. Tudo antes de um decisivo dérbi, e por inerência tenso, entre Benfica e Sporting, para decidir quem ia à final da Taça. Conversavam, mostravam-se os telemóveis, conviviam, viviam.
Pousei o pano de loiça que segurava, aproximei-me e logo ali estabeleci que não ia escrever sobre o Sérgio Conceição a falar dos árbitros, os árbitros, as provocações do Pinto da Costa e as respostas do Villas-Boas numa campanha para eleger o novo presidente do FC Porto com o triplo do tempo de umas eleições legislativas, o alcaide da Andaluzia a carregar no Conceição, o John Textor a provocar o caos no Brasil, o António Salvador a contar tostões, o enfado do Mbappé a ser substituído nos últimos dias em Paris, o Rubiales a ser detido como nos filmes em Espanha, a utilidade do VAR, o Schmidt a falar dos árbitros, o Vinícius ora a chorar ora a gritar, o provocador Hjulmand ou o pugilista Di María.
Fiquei a olhar para aqueles miúdos, para a sua alegria, pensando no que conversavam. Na verdade não interessa, só o facto de se misturarem ali de forma tão pura, apesar da importância e peso do encontro que se seguiria, merece todos os elogios e que paremos tudo o que estamos a fazer para ver. Também me entristece que de tão raro – se calhar não, as transmissões é que não entram tão cedo em casa das pessoas noutros jogos – nos salte tanto à vista: que adversários possam ser amigos, bons amigos antes e depois de a bola rolar. Mas foi muito bom de ver.