22 dezembro 2023, 09:30
«Gyokeres tem tudo para ser um dos melhores do mundo»
Garantia a A BOLA de Andreas Engelmark, coordenador da Academia de Brommapojkarna. Recorda a confiança do avançado desde os 13 anos. Destinado a ser um ídolo em Alvalade
Viktor Gyokeres, 25 anos, sueco de Estocolmo, transferido para o Brighton, de Inglaterra, em 2018, estrela do Coventry da Premiership, e ponta-de-lança do Sporting a partir de junho de 2023, a troco de 20 milhões de euros, tem sido o principal destaque da I Liga portuguesa na época em curso. O jogo impressionante que realizou contra o FC Porto, onde destruiu a defesa azul-e-branca, colocando, especialmente a Pepe, problemas como poucas vezes o campeão europeu por Portugal enfrentou ao longo da carreira, transportou-o para o patamar seguinte, onde são expostos os ‘cromos’ mais valiosos da coleção, aqueles que têm potencial para serem pagos a peso de ouro, como sucedeu recentemente com Darwin Núñez ou Enzo Fernández.
Viktor Gyokeres, ao contrário de dois avançados que são muitas vezes apontados como expoente máximo do futebol sueco do século XXI, Henrik Larsson e Zlatan Ibrahimovic, que pelas características repentistas e inventivas, tinham inúmeros traços de uma latinidade que muitas vezes contrastou com a esperada frieza nórdica, é um futebolista dentro das características da marca registada do seu país, patenteada com a vitória nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. E quem eram as estrelas dessa companhia que conquistou o ouro olímpico? Três avançados, Gunnar Gren, Gunnar Nordhal e Niels Liedholm, que a seguir se transferiram para o AC Milan, dando corpo ao tridente histórico que ficou conhecido por Gre-No-Li. Foram anos de impacto para o futebol sueco, onde estes jogadores ajudaram os rossoneri a vencer o Scudetto e a Taça Latina, tendo Gunnar Nordhal sido cinco vezes melhor marcador da Serie A italiana. Essa década de ouro terminou com o Campeonato do Mundo disputado na Suécia, em 1958, onde os anfitriões foram segundos atrás do Brasil do ‘guri’ Edson Arantes do Nascimento, ‘Pelé’, contando ainda nessa competição com a colaboração de Ginnar Gren e Niels Liedholm, ambos já em fim de carreira.
A história dos futebolistas suecos em Portugal está sobretudo ligado ao Benfica, através da influência de uma dupla, Sven-Goran Eriksson, treinador, e Bjorn Lantz, empresário. Começaram por trazer, a meio da época de 1982/83, Glenn Stromberg, que em 1984 rumou à Atalanta, de Itália. Na temporada seguinte, Eriksson queria reforçar o ataque com um ponta-de-lança com mais poder de choque que Zoran Filipovic, e fez tudo para ter um antigo pupilo e compatriota seu no Gotemburgo, companheiro de equipa de Stromberg na vitória na Taça UEFA de 1981/82, Torbjorn Nilsson, então a jogar nos alemães do Kaiserslautern. Fernando Martins, presidente do Benfica, achou demasiado o que os germânicos pediam e impôs e vinda do canarinho Cláudio Adão, excelente futebolista, mas sem as características pretendidas por Eriksson. Adão ainda fez uma digressão de início de época, aos Estados Unidos e Canadá, com o Benfica, mas perante a intransigência de Eriksson acabou por regressar ao Brasil. Foi então que o Benfica contratou Michael Manniche, dinamarquês alto e louro (que chegou como ponta-de-lança, embora originariamente fosse extremos-direito), que fez história no clube. Seguiram-se Jonas Thern, Stefan Schwarz, médio defensivo e defesa esquerdo, e ainda Matts Magnusson, goleador da escola clássica sueca, com cheiro pela baliza, poder físico, e uma razoável capacidade técnica. Parece não haver dúvidas de que é do estilo de jogador de Magnusson que Gyokeres mais se aproxima, embora a adaptação ao clube e ao nosso futebol do avançado do Sporting esteja a ser muito mais rápida do que aquela verificada com o ‘bombardeiro’ do Benfica.
22 dezembro 2023, 09:30
Garantia a A BOLA de Andreas Engelmark, coordenador da Academia de Brommapojkarna. Recorda a confiança do avançado desde os 13 anos. Destinado a ser um ídolo em Alvalade
Se Rúben Amorim continuar a solidificar processos que viabilizem o aproveitamento máximo de Gyokeres – como aconteceu contra o FC Porto em que os leões trocaram calmamente a bola a partir de Adán, convidando os dragões a subir no terreno, para a seguir explorarem, através do sueco, o espaço nas costas dos defesas contrários – o fenómeno que hoje já é evidente em Alvalade pode ganhar uma dimensão ainda maior. Porque, nos dias que correm, ter um avançado que não só é mais forte fisicamente que os defesas, como sabe dominar a bola, tem os olhos postos na baliza e finaliza ou assiste com qualidade, é um luxo a que muitos poucos clubes podem dar-se. E o Sporting é um deles. Quem, na prospeção leonina, identificou Viktor Gyokeres, está de parabéns. Assim como deve ser louvada a convicção com que Rúben Amorim e Frederico Varandas geriram o processo de aquisição. Embora nestas coisas de futebolistas, mudanças e adaptações, haja sempre uma margem de incógnita assinalável, dá sempre muito jeito saber-se aquilo que se quer…