Tragicomédia

OPINIÃO31.05.201802:05

O Benfica tem um problema de credibilidade. Pode queixar-se de que está a ser vítima de uma ofensiva concertada dos rivais mas a verdade é que a estratégia de defesa nunca convenceu o mais equilibrado dos cidadãos no que toca à moralidade das suas práticas. Porque o contra-ataque sempre se centrou na alegada ilegalidade do meio de prova e nunca nos factos em si. Não chega.


Em termos de opinião pública, os casos dos e-mails, e-toupeira ou a Operação Lex deixaram marcas, por coincidência num ano em que, desportivamente, tudo correu mal. E que só não foi pior porque a autofagia do Sporting culminou naquela derrota no Funchal que deixou os leões de fora da Liga dos Campeões e permite às águias tentarem chegar à fase de grupos da prova (agora ainda mais) milionária, se passarem a terceira pré-eliminatória e o play-off. Como consequência observámos uma torrente de acontecimentos em Alcochete e Alvalade que desviaram todas as atenções - até a da discussão da eutanásia.


O alegado aliciamento a jogadores do Marítimo no decisivo jogo da 33.ª jornada da Liga 2015/16, que a SIC tornou ontem público, volta a pôr o Benfica numa desconfortável posição: a de negar que é corrupto. César Boaventura, o empresário que está no centro da polémica, também refuta tudo. A presunção de inocência estende-se a todos. O que não é mentira, porém, é a boa relação deste empresário com o Benfica. Em negócios de jogadores e também no alinhamento comunicacional. O que vier a ser provado (ou não) sobre este agente, não será apenas a título individual.  
Temos assim Sporting e Benfica sob investigação por alegado aliciamento a jogadores, mas num registo , diria, anedótico nos termos e modos, um amadorismo grotesco. Basta lermos e ouvirmos com atenção as conversas, mensagens ou testemunhos. No fundo, tudo isto é uma tragicomédia. Alegadamente.