Todos podem ser Éder

OPINIÃO21.06.201804:00

Confesso que não estava à espera de uma exibição tão medíocre como aquela que vimos ontem da Seleção frente a Marrocos, apesar da magra vitória (1-0). Que o estilo desta equipa, com Fernando Santos, é o de uma equipa que privilegia o equilíbrio é uma coisa; outra é ela própria ser um desequilíbrio a vários níveis. Exemplos: assistirmos a uma constante inferioridade numérica no triângulo à direita do ataque de Marrocos (2x3), expondo as debilidades de um Raphael Guerreiro que não está (ainda) ao nível de 2016; a incapacidade de muitos dos jogadores se virarem quando tinham adversários nas costas.

A nível individual, Bernardo Silva, Gonçalo Guedes e Bruno Fernandes continuam muito aquém do esperado. As pernas parecem tremer demasiado nesta estreia em mundiais e também não ajuda a intermitência de João Mário, um dos melhores jogadores nos jogos de preparação antes da viagem para a Rússia.

O problema não será técnico, nem físico. Acredito que seja fundamentalmente mental/confiança. Por isso é que, no meio-campo, João Moutinho, de 31 anos, se destaque pela positiva relativamente ao quarteto atrás referido: a bola não queima nos pés do médio do Mónaco. Será a solução apostar nos mais velhos? Manuel Fernandes (32 anos) em vez de João Mário (25) ou Bruno Fernandes (23)? Talvez. Mas não resolverá tudo.

Não entro, porém, no clube dos pessimistas. Uma prova destas é uma construção. A 11 de julho de 2016, após a conquista do Euro, ninguém se lembrou do empate com a Islândia. Ou com a Áustria. É agora que o papel do treinador terá de prevalecer e impedir que se abra ainda mais o fosso: quanto pior joga Portugal, mais se destaca Ronaldo. A Seleção precisa de mais auto superação. É impossível ser Cristiano, mas todos podem ser Éder.