Todos os anos a mesma coisa...
João Neves. Foto: IMAGO/HMB-Media
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Todos os anos a mesma coisa...

OPINIÃO14.03.202412:00

Se os tubarões europeus atacarem será impossível ao Benfica manter João Neves, o maior talento português do clube desde João Félix ou Bernardo Silva, ambos transferidos em fase precoce de desenvolvimento do seu gabarito (mais evidente no jogador do City) e em que ainda se encontra, sem dúvidas, também o camisola 87

Aépoca aproxima-se do fim e uma após outra a mesma questão sucede-se na berlinda da atualidade dos clubes grandes em Portugal, ainda que se conheça a resposta e as razões que a tornam inalterável. Poderão manter estes os seus jovens prodígios, salvaguardá-los da voracidade dos tubarões europeus?

A resposta é não. E sabem-se os motivos da inevitabilidade. O equilíbrio das contas, tão precário devido ao estrutural desnivelamento entre receitas muito inferiores às despesas. Porque mesmo até em anos subsequentes a excecional encaixe financeiro – ainda e sempre através de venda de jogador(es) —, os gastos em contratações e em salários constituem fator de descompensação.

E se na eventualidade de uma receita avultada permitir ano seguinte sem necessidades, impõe-se em última instância a vontade de sair do jogador, para onde multiplicará, várias vezes, o salário e por projetos de carreira mais ambiciosos (dimensão do clube de destino, da liga, de conquista de títulos europeus).

Tomando como exemplo o Benfica, ser-lhe-á impossível manter a pérola emergente João Neves, o maior talento português do clube desde João Félix ou Bernardo Silva, ambos transferidos em fase precoce de desenvolvimento do seu gabarito (evidente no jogador do City) que ainda encontra, sem dúvidas, Neves. Se os tubarões atacarem em força, será impossível, uma inevitabilidade.

Ninguém pense que a sua venda dependerá da vontade do Benfica (dos seus dirigentes), mas de imperativos financeiros, ainda que com dinheiro fresco das vendas caríssimas de Gonçalo Ramos ou de Enzo Fernández, e em último caso a vontade do jovem médio. Mesmo após João Neves, há dois dias, ter-se assumido um romântico com paixão pelo jogo e de ainda não ver o futebol como uma profissão. Seja lá o que quererá dizer...