Melhor judoca portuguesa de sempre retirou-se da competição mas não da modalidade onde foi construindo uma carreira impar que marcou o judo nacional e internacional e durante a soube ir renovando-se para se manter entre a elite ao longo de duas décadas.
ando, na segunda-feira, Telma Monteiro anunciou o ponto final na carreira de atleta, colocando termo a mais de 24 anos como judoca, 20 dos quais entre a elite, mais do que o fim de um percurso, o momento marcou o fim a uma era no judo nacional e do desporto português.
Em 2004, ainda júnior, foi bronze no Europeu sénior de Bucareste, apenas quatro épocas depois de se ter iniciado, para muitos já tarde, na modalidade. Ninguém esperaria, nem mesmo Telma, que o sonho tornado realidade viesse a ser tão dourado e prolongado. Ao longo do percurso, com a sorte de apenas lhe terem aparecido lesões mais graves e crónicas na parte final da carreira, à medida que os horizontes iam ficando para trás e surgiam novos, a rapariga com ar de reguila, há muito mulher, do puxinho de um lado da cabeça, foi sabendo transformar-se.
Quiseram limitá-la e impedir que fosse olímpica logo em Atenas-2004, aos 18 anos… há quatro no judo. Não o conseguiram e seguiu em frente. Só parou à beira de, em Paris-2024, se tornar no primeiro judoca da história a participar por seis vezes no evento.
Não fosse a lesão sofrida no joelho esquerdo cerca de seis meses antes de encerrar a qualificação, provavelmente teria concretizado esse último grande objetivo a que se desafiara para atingir metas onde ninguém chegara e poder bem consigo.
Mas, não foi essa ausência na capital francesa, a falta do título mundial em quatro finais, ou mais medalhas olímpicas além do bronze no Rio-2016, quando era a vez em que menos lhe era exigido tal façanha por ter efetuado uma recuperação impossível a outra intervenção cirúrgica ao joelho, que lhe diminuem o brilho. O palmarés? Certamente. Mas nunca o esplendor.
Bem ao seu jeito, todas essas adversidades apenas lhe deram força para lutar. São aquelas coisas intrínsecas aos fora de série. Podem ser tão bons física e tecnicamente que alguns, mas têm algo mais que os faz vencer. E a Telma venceu. E muito.
Recordo-me quando as comunicações não eram tão velozes como hoje, os editores terem uma página em branco até tarde, na altura havia repescagens nas provas, à espera de saber qual medalha ganhara. Foram cinco em Mundiais, quatro em Masters, 15 em Europeus individuais, cinco como campeã, 17 no Circuito Mundial, 13 no Circuito Europeu…
Mas, mais do que assistir, festejar esses êxitos, lembro-me sobretudo de estados de espírito. De na primeira visita a A BOLA, quando tentava a qualificação para os Jogos de Pequim-2008, saber que o judoca António Roquete tinha o recorde de quatro Jogos. De imediato disse: «Hei-de ir a cinco!» De falarem e escreverem que nunca mais ganharia nada por as regras terem sido alteradas e que em nada beneficiava o estilo de judo que praticava. Reinventou-se para depois receber medalhas e honras de quem não acreditara. Coitados.
Da procura de treinador que a ajudasse a crescer sempre que sentiu o receio de estagnar face à evolução das adversárias, de como muitas vezes rejeitou a possibilidade de ganhar mais dinheiro porque queria era ganhar mais o máximo de títulos. Foi essa uma das razões porque disse não ao Sporting quando a quiseram levar da Luz. Sabia quem a ajudara a poder tornar-se profissional.
Durante anos foi a garantia permanente de êxitos na modalidade e competiu com pelo menos três gerações de atletas. Elas passavam, Telma continuava.
Licenciou-se em Educação Física e Desporto e depois, entre outras aprendizagens, fez uma pós-graduação em gestão e marketing do desporto. Agora vai ser coordenadora de judo do Benfica. Uma nova etapa, mas se pensam que é só para o ser e ficará satisfeita com isso, bem… então ainda não conhecem Telma Monteiro. Ela ainda não se foi embora, só mudou de horizonte.
A hipótese da liga norte-americana vir a organizar uma competição na Europa começa a dar passos cada vez mais certos e irá fazer concorrência à EuroLiga, onde existe descontentamento de vários clubes. O objetivo é fazer crescer o negócio do basquetebol no Velho Continente e acabar com clubes que dão prejuízo, a grande maioria se não tiverem apoios do futebol, das cidades ou do Estado. Donos de equipas da NBA a quererem entrar no plano europeu, alguns já têm investimentos em clubes de futebol.