Suicídio consumado

OPINIÃO10.06.202207:00

Vieira não é digno do símbolo que ostentou na lapela do casaco nas suas intervenções

VIEIRA não é digno do símbolo que ostentou na lapela do  casaco durante as suas intervenções desta semana. Ao seu estilo pantomimeiro, não demonstrou um único pensamento útil nem foi confrontado com questões relevantes quanto à sua gestão desportiva, a solo ou em equipa. Nem uma pergunta sobre DSO, seu co-arguido num dos processos judiciais em que a Benfica SAD é ofendida. Só se mostra sentido com Rui Costa por este se anunciar, de forma leviana e impreparada, como presidente num discurso redigido por um ex-membro da administração que foi colocado no Benfica pelo próprio Vieira em detrimento da meritocracia de Rui Gomes da Silva que, goste-se ou não, sempre lhe havia sido fiel. Isto é Vieira.

O mestre da gestão que, numa entrevista em 2016, bradou aos céus que Jiménez ia ser a transferência mais alta do futebol português e que Taarabt não vestiria mais a camisola do clube. Resultado: o mexicano não quis jogar na China e arruinou o negócio cozinhado com o seu mandatário Mendes, o marroquino ainda por cá anda após ter renovado com quem o iria despachar. Mas o haraquiri de Vieira sem direito a honra surge quando decide explicar como se negoceia na América do Sul e sem que o jornalista o tivesse alertado para o facto de ter sido esse tipo de procedimento que desencadeou investigação judicial ainda em curso.

Na cabeça de Vieira, só faz sentido agir através da opacidade de intermediários que ele forçou o Benfica a pagar ao longo dos anos. Mas esqueceu-se do fracasso desse mesmo procedimento em casos como James Rodríguez, Falcao, Anderson e Hulk. Neste enquadramento, ainda vimos Vieira ingerir-se naquilo que ele acreditava ser um ativo valioso: Moretto. Por muito mais que isto (recusando-me a comentar as considerações sobre Eusébio), os sócios querem ação disciplinar contra o sócio Vieira pelos 28.º e 29.º dos Estatutos. Estranhamente, Rui Costa não responde. Esquece-se que dá a entender submissão ou conivência.