Sporting, um doente no recobro

OPINIÃO28.06.201801:47

O Sporting parece aqueles doentes que estão no hospital depois de um grave acidente de viação. Como diria  Carvalhal, está neste momento no recobro mas já a receber visitas. De empresários, de advogados, de novos dirigentes. Brevemente, se tudo correr bem, irá para a fisioterapia, onde o doente fará a pergunta sacramental: «Vou conseguir voltar a andar, doutor?» Que sim, responderá o senhor de bata, porque a entrada em cena de Sousa Cintra e, fundamentalmente, a saída (provisória ou definitiva?) de Bruno de Carvalho fez com que muitos dos jogadores que rescindiram  admitam arranjar forma de não prejudicar financeiramente o clube. O regresso puro e duro ao plantel parece estar fora de hipótese, mas não a assinatura de novos contratos apenas e só com o propósito de permitirem imediata negociação para venda. Ficando todos amigos, mas cada um para seu lado. Ficando o leão sem os dedos mas com alguns dos seus anéis.

A confirmar-se, chegará o momento em que o doente, já de pé e dando passos seguros, irá fazer outra pergunta. «Vou voltar a poder correr, doutor?» Aí a resposta ficará no ar. Porque há um dado para o qual não há ainda resposta: vai ou não Bruno de Carvalho poder candidatar-se?
Neste momento a pessoa mais importante do Sporting chama-se Sousa Cintra, mas sê-lo-á por apenas pouco mais de dois meses. A partir daí, o poder será do novo presidente (e já com o treinador escolhido por Cintra). Quem? Ninguém saberá responder. A profusão de candidatos é um hábito no clube de Alvalade. Frederico Varandas e João Benedito parecem ter substância, passado e futuro para assumirem a função, mas o caminho até lá é longo. Uma coisa é certa: se Bruno de Carvalho puder ir a votos, quanto mais candidaturas, maior será a vantagem do presidente destituído.