Sporting: o contrato de Amorim
O treinador do Sporting, Rúben Amorim. RUI RAIMUNDO/ASF

OPINIÃO Sporting: o contrato de Amorim

OPINIÃO13.01.202409:00

Gyokeres é o principal fator, mas este Sporting também se faz das palavras do treinador

O Sporting segue na frente e pelo menos até este domingo isso será uma verdade. A equipa de Ruben Amorim tem sido a mais constante na Liga. 

Pode dizer-se isso assim, quando um ponto apenas separa os leões do Benfica? Quando o Sporting não tem nem a melhor defesa, nem o melhor ataque do campeonato? Creio que sim, porque o futebol é muito mais do que o fica na estatística. 

Os números dizem-nos muitas vezes que houve uma vitória, mas não como foi a exibição. Eu, por exemplo, prefiro essa frase que anda tantas vezes a ser repetida no meio: «Diz-me como perdes, que eu dir-te-ei quem és.» 

Para lá dos triunfos, se calhar são as duas derrotas na Liga que nos dizem mais desta versão da equipa de Ruben Amorim. Na Luz, dizem as opiniões que o jogo devia ter caído para o Sporting, em Guimarães que podia ter caído para qualquer um dos lados. Em reflexão, quando perdeu, o leão podia perfeitamente ter vencido e isso é característica de uma equipa competitiva. 

Na época passada, é justo dizer, o Sporting não foi nada disto e daí ter terminado a primeira volta a 12, oito e sete pontos de primeiro, segundo e terceiro. 

É bom recordar o que disse o treinador logo após o último jogo do campeonato passado, em Vizela. Quando lhe perguntaram se teria mudado alguma das decisões tomadas, Amorim afirmou: «O impacto que teve a saída do Matheus Nunes, talvez não tivesse feito tanta força para ele ficar. Faríamos tudo em conjunto. Foi a única vez que eu acho em que não estivemos todos juntos e teve um impacto muito grande.»

Quem sabe se o ataque ao mercado, com a convicção de que Viktor Gyokeres era o homem ideal para o ataque – recorde-se que Frederico Varandas chegou a envolver-se pessoalmente na contratação – não começou naquele problema identificado pelo técnico.

A melhoria da equipa e a constância aqui argumentada têm no sueco o principal fator, mas este Sporting também se faz das palavras do treinador.

Ruben Amorim renovou com o Sporting em novembro de 2022 - vínculo até 2026. Mas já esta época fez um outro contrato, desta vez público, quando em outubro, disse que era «a época do tudo ou nada». Explicou, dias depois, que «a direção não fez ultimato nenhum, mas o clube assim o exige»

Amorim parecia acordar com o universo leonino que se não for primeiro, não pode ser nunca segundo e, como tal, sem ser campeão desde 2021 sairá de Alvalade.

Nesta sexta-feira, em conferência de imprensa, o técnico referiu que, se um dia sair antes de 2026, o Sporting não terá de lhe pagar nada. A questão, porém, é se o universo verde e branco não devia rever estes termos acordados publicamente – por uma das partes é certo, mas tendo em conta o geral comportamento da outra -, agora que, mais do que resultados, o Sporting apresenta evolução e competitividade. Em suma, se o Sporting não chegar ao título, o mundo leonino deve questionar-se. 

«Diz-me como perdeste o campeonato e dir-te-ei o que fazer.» Não haverá um valor monetário associado, mas o preço a pagar pode ser bem alto…