No futebol não há espaço para delinquentes
Adeptos leoninos em Brugge atiraram objetos pirotécnicos à própria equipa (Foto: IMAGO)

OPINIÃO NUNO SARAIVA No futebol não há espaço para delinquentes

Tribuna livre é um espaço de opinião em A BOLA, este da responsabilidade de Nuno Saraiva, sócio do Sporting Clube de Portugal

Aquilo que se passou em Bruges e, já agora, em Famalicão é intolerável no plano cívico e social. Como é óbvio, não estou a referir-me à crise desportiva de que, apesar da vitória com o Boavista, não é líquido que o Sporting Clube de Portugal tenha deixado para trás, que essa está mais do que identificada e, quem de direito, tratará de arranjar soluções para a ultrapassar. É essa a minha crença, enquanto sócio e adepto, é esse o meu desejo, é essa a minha exigência.

Enquanto sócios e adeptos temos todos o direito, diria até o dever, de manifestar o nosso descontentamento perante os maus resultados e as más exibições dos clubes que apoiamos. A mim jamais me ouvirão assobiar ou insultar os jogadores e outros profissionais do meu clube, mas não abdico da minha prorrogativa de critica construtiva e de alerta para o que considero errado.

Coisa diferente são os atos de vandalismo e delinquência que aconteceram após o jogo na Bélgica. Aquilo a que toda a Europa assistiu é abjeto e criminoso e exige medidas sérias e veementes para que os delinquentes sejam banidos do futebol e dos recintos desportivos.

Atirar tochas e outros artefactos pirotécnicos aos jogadores, uma que seja, é miserável e devia ser causa de expulsão da condição de sócio de quem o faz, e de procedimento criminal movido pelas autoridades competentes. Um clube em que, todos os anos desde 1996, evocamos a memória de Rui Mendes, barbaramente assassinado no Jamor com um very-light, não pode ser condescendente com gente desta que, no limite, não é muito diferente desses biltres assassinos. Aliás, as reações de Gyokeres, de Conrad Harder e do capitão Morten Hjulmand deviam constituir um alerta para todos nós. Isto não é contestação, isto não é manifestar insatisfação legítima, isto é tudo aquilo que os jogadores não precisam. Isto é alimentar um ambiente de ódio e de hostilidade e um convite a que os melhores jogadores da equipa se vão embora, o quanto antes, porque  não têm que aturar isto. Se ficarmos sem eles já em janeiro, espero e quero acreditar que não, já sabemos a quem devemos também agradecer e cobrar.

O Sporting Clube de Portugal não pode, em circunstância alguma, voltar a registar episódios como o que Rui Patrício viveu em Alvalade, ou o de engenhos pirotécnicos arremessados das bancadas ou deflagrados durante os jogos, isto para não falar de situações muito mais graves que ninguém quer voltar sequer a recordar.

A indústria do Futebol, que é negócio e entretenimento, não é compatível com este tipo de condutas. Tentativas de agressão a jogadores, a treinadores, a jornalistas e a elementos das estruturas dos clubes, como aconteceu em Famalicão protagonizadas por elementos, alegadamente, dos Super Dragões, ou as agressões pirotécnicas que prejudicam financeira e reputacionalmente o Sporting Clube de Portugal pelos comportamentos desta gente, têm mesmo de acabar, independentemente das cores das camisolas, sejam elas verdes e brancas, azuis e brancas ou encarnadas. No futebol, como no desporto em geral, não pode haver espaço para delinquentes.