Sporting, FC Porto ou Benfica: afinal, quem tem estofo de campeão?

OPINIÃO10:00

Um dos grandes ficará com o troféu e as faixas, mesmo que todos já tenham deixado escapar momentos de afirmação esta temporada. É uma Liga nivelada por baixo, apenas isso.

É uma palavra que ouvimos de tempos a tempos sobretudo no contexto da sua ausência. O da falta de estofo de campeão. Nesta época, se calhar podemos aplicá-la a Benfica, depois do duplo desaire diante de Sporting e SC Braga logo após chegar à liderança, a FC Porto, que ontem tinha oportunidade de se isolar na frente e foi derrotado na Choupana pelo aflito, mas competitivo, Nacional, e talvez também ao Sporting, que não só ameaçou implodir com a troca de treinador como, já com um terceiro ao leme, não passou em Guimarães, na sequência do dérbi.

Dos três grandes, é o leão aquele que mais atenuantes possui: o processo tem semanas e não meses, e há muitos problemas físicos em jogadores nucleares. Se isto pouco ou nada quer dizer, porque na realidade um deles irá mesmo festejar o título - num país avesso a surpresas não surgiu uma única sombra a atemorizar o status quo -, há uma questão que podemos extrair: ou muito muda na segunda volta ou estaremos perante um campeonato do menos mau, que rapidamente se tornará apenas um número nos livros de história, sem heróis ou feitos para contar.

No caso dos homens de Vítor Bruno, o único dos treinadores dos três grandes que começou a temporada, ainda que a sua vantagem sobre os demais apenas se estenda até ao momento da cisão com Conceição, o problema tem sido sobretudo a gestão de expetativas.

Sempre que o clube se aproxima do primeiro lugar, o discurso absorve uma responsabilidade que não se adequa à massa crítica, mesmo que o calendário ainda trace a rota dos rivais pelo Dragão na segunda volta. Há um grupo menos talentoso, que inclui fragilidades nas referências de liderança e na profundidade. Num ano zero, claro que deve haver exigência, mas não ansiedade ou drama em demasia. A descida aos infernos, de preferência curta, faz parte do processo. Ser competitivo já será muito bom. E o resto bónus.

No caso dos encarnados, há a promessa da reinvenção de uma nova Liga, mais equilibrada. Lage tem um plano ou inventará um, parece, apesar da natural solidez que o rival adquirirá com o regresso dos lesionados e a evolução dos treinos. E faltará ainda saber o que o mercado também trará de decisões, boas e erradas, para os candidatos. Está tudo em aberto.

Lá fora, veem-se os primeiros capítulos do processo Amorim e brilha a bela borboleta que saiu da crisálida em que, um dia, entrou Raphinha. Ele, Yamal e uma identidade destroçaram o Real na Supertaça hispano-saudita. Que lição!