Sporting campeão: uma fera à solta
Gyokeres e Rúben Amorim

Sporting campeão: uma fera à solta

OPINIÃO06.05.202408:00

De equipas que mereciam ser campeãs e não o foram está o passado cheio. Não é o caso do Benfica de 2023/24

Dificilmente há campeões que não o merecem ser e o Sporting 2023/24 não foge à regra.

Mais do que uma equipa, o Sporting foi um clube em que as coisas funcionaram. O discurso final da temporada passada de Rúben Amorim e que transitou para este ano, a comunicação do clube na sua globalidade, as vendas no mercado de transferências, o scouting, Geny Catamo, Eduardo Quaresma, Franco Israel, Trincão e o inevitável nome que todos irão dizer quando se recordar este campeonato - Gyokeres -e até as camisolas de Ronaldo e da Taça das Taças.

O Sporting foi em campo reflexo de tudo aquilo. Atirou-se à Liga desde o primeiro momento motivado pelo treinador; Amorim também arranjou soluções internas que capacitaram a equipa; e talvez desde o tempo de Jardel (Bas Dost fez números tremendos, eu sei) que não havia um jogador que desse aos adeptos a sensação de que iriam sempre marcar um golo pelo menos.

Os números, nesse aspeto, são claros: o leão tem 92 golos marcados no campeonato e não houve uma única equipa que fosse capaz de travar o poderoso ataque leonino. Para se ter uma ideia de como o leão foi avassalador na frente, o Sporting fez golos em todos os jogos, apenas em quatro fez um só golo e nos 28 restantes marcou no mímino dois: mesmo quando perdeu, o leão fez golos (um na Luz e dois em Guimarães) e quando empatou também (um em Braga, três em Vila do Conde e dois no Dragão).

O Sporting de 2020/21 foi uma fortaleza defensiva, este foi uma fera à solta. E se aquele campeonato do Covid ficará sempre na mente pelo contexto, esta versão fará o sorriso dos adeptos um bocadinho maior quando, na estrada da memória, voltarem a maio de 2024 - e ainda há uma Taça de Portugal para jogar.

O Sporting, comecei eu, é um justo campeão como dificilmente existem campeões que não o merecem ser. Já de equipas que mereciam ser campeãs e não o foram está o passado cheio.

Os próprios adeptos leoninos recordar-se-ão da época de 1993/94 ou de 2015/16; os do Benfica de 1992/93 ou 2012/13, mas não de...2023/24.

A Supertaça que entrou no museu da Luz, logo no início da época, não mascara uma temporada errática que teve origem em tudo aquilo que o Benfica não conseguiu ser durante 23/24 e que culminou com os condenáveis protestos (pela forma) que alguns adeptos dirigiram a Roger Schmidt.

Em suma, em Alvalade, é tempo de festa - talvez até agosto, independentemente do resultado do Jamor - e na Luz será tempo de olhar já para 2024/25, agora com uma outra perspetiva confirmada ontem: desde o tetra do Benfica que nenhuma equipa consegue o bicampeonato; é assim que estão as coisas na Liga há sete anos, ou seja, a tendência era para Schmidt não ganhar este ano e para Amorim não ganhar o próximo. Ambos, recorde-se, têm contrato.