Futebol feminino: não basta ter, é preciso cuidar
As capitãs de Benfica e Sporting, Carole Costa e Ana Borges, voltam a encontrar-sena final da Supertaça feminina. Foto: IMAGO
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OPINIÃO Futebol feminino: não basta ter, é preciso cuidar

OPINIÃO21.08.202411:00

Jogos da equipa masculina do Sporting 'caem' em cima da meia-final e da final da Supertaça feminina, na qual os leões marcam presença. É difícil o caminho da evolução, mas não tem retorno

A frase é batida, de tão óbvia. Aplica-se a amores, a plantas, a animais. Em relação a filhos é apenas uma redundância, já que ser-se mãe ou pai implica desde logo a obrigação (até legal) de cuidar.

O futebol feminino tem conhecido um crescimento exponencial em Portugal. Sabe-se, porém, que muito ainda o separa do universo masculino, a começar nos valores envolvidos e no interesse do público, que por sua vez gera viabilidade comercial e melhores oportunidades de aumentar volumes de negócios.

A utopia da igualdade talvez possa, à luz do que tem acontecido, começar a considerar-se uma aspiração, em jeito de meta de longo prazo. É para isso que têm trabalhado as instituições, cientes de que transformações destas — que implicam alterações de mentalidades — levam sempre muito tempo. Têm-no feito, as instituições, de um modo geral muito bem, mas há sempre dores de crescimento.

O que sucedeu com uma meia-final da Supertaça feminina e vai suceder na próxima sexta-feira com a final constitui um exemplo dois em um elucidativo da forma como muita coisa, antes das mais difíceis e estruturais, pode melhorar: o Racing Power-Sporting da meia-final, no último sábado, iniciou-se meia hora antes do Nacional-Sporting para a Liga masculina; na próxima sexta-feira, a final feminina entre Benfica e Sporting, no Restelo, começa às 20h45 e o Farense-Sporting da Liga masculina às 20h15.

Conciliar calendários constitui, sem dúvida, uma das tarefas mais exigentes para clubes, Federação e Liga ao longo de uma época. As datas da Supertaça feminina foram definitivamente estabelecidas e divulgadas a 17 de julho. A final e o jogo de 3.º/4.º lugares disputam-se numa sexta devido ao início da Liga BPI e posterior participação dos dois finalistas na Liga dos Campeões. Claro que não se sabia que os finalistas seriam Benfica e Sporting, mas havia (ou deveria ter havido) noção de que tal tinha sérias probabilidades de suceder. Os horários das quatro primeiras jornadas da Liga foram divulgados seis dias depois, a 23 de julho.

Em tese, neste caso, teria cabido ao Sporting a tentativa de acautelar a situação, que não permitirá, por exemplo, a presença dos seus mais altos representantes no Restelo e pode prejudicar a afluência de adeptos, porque o futebol masculino vai captar a atenção de larga maioria dos sportinguistas.

Devagar, e aprendendo com os lapsos, o futebol feminino português vai continuar a crescer. Só precisa que cuidem(os) dele.