‘Silly Season’
Este é um legado que Vieira deixou como consequência da sua forma de trabalhar
NÃO fosse suficiente já todos termos perdido a conta ao número de jogadores que alegadamente interessam á Benfica SAD, decidiram os empresários nascidos no Seixal antecipar a abertura da silly season. Este é também um legado que Vieira deixou como consequência da sua forma de trabalhar que se revelou opaca e estranha. O ex-presidente beneficiou, pelo menos mais de uma década, de uma ausência de escrutínio pelos próprios sócios enquanto maiores interessados na vida do grupo empresarial que aquele representava. Não existia publicação de lista anual de transações e comissões dos intermediários pela FPF nem sequer interesse da UEFA em controlar contas dos participantes nas competições por si organizadas. Não havia forma, por assim dizer, de obter informação fidedigna no setor do futebol a não ser através da comunicação social que foi sempre o elo mais fraco de uma relação necessária com os dirigentes mas perante a qual jamais teve capacidade de defesa. A bolha em que o futebol viveu rebentou com o Covid mas já vinha a lascar-se com a corrupção na FIFA, no dinheiro estupidamente gasto por clubes falidos em transferências e empresários, pelo aumento claramente pontual dos direitos televisivos e do tráfico e abandono de menores que ainda hoje é tema tabu. Por cá, rebentou o BES e a transparência começou a (in)surgir. Fez com que o Benfica de Vieira antecipasse parte das receitas dos direitos televisivos para abater exposição bancária e reestruturar o seu crédito pessoal. Só que a SAD é sempre salva pelos seus indefetíveis investidores. Quer numa operação coração de Damásio quer nos sucessivos empréstimos obrigacionistas que terá que reembolsar nos próximos 3 anos com juros elevados e através de fundos próprios (dizem os prospetos). O negócio das SAD é comprar e vender jogadores para ganhar títulos. Esse ofício, hoje mais que nunca, carece de ser executado por aqueles que investiram na formação para se lançarem no meio. Não Baldés e Boaventuras desta vida.