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Sai-me caro sentir que o futebol não é politicamente ‘laico’ nas competições de seleções
D ESDE 2010 que assentei a minha crítica na atribuição do Mundial ao Catar em relação à mexida abrupta que tal evento poderia causar no calendário das competições. Nada contra o país ou a zona do sudoeste asiático em concreto. Não me faz diferença realizar-se no Catar ou, conforme sucedeu em 2002, na Coreia e Japão. Tenho uma visão em que os clubes são über alles. Posto isto, sai-me caro sentir que o futebol não é politicamente laico, em particular, nas competições de seleções. Veja-se a mais recente junção da Ucrânia ao que começou por ser uma candidatura de parceria entre Portugal-Espanha. Não critico a boa vontade mas sim politiquices. Quando se encontrava no poder e teve os seus Comités Executivos da FIFA constantemente nas mãos de interesses de terceiros, Blatter ambicionava que o futebol fosse o catalisador da aproximação entre estados, em particular, daqueles que se encontravam de costas voltadas. O futebol é instrumental: um meio para atingir um fim. Isto levou-me a refletir sobre o que se anda a ler recentemente sobre o Catar. Parece que a corrupção é dali toda proveniente. É verdade que o Parlamento Europeu entrou para o centro do furacão devido a alguns eurodeputados mas é bom relembrar que este órgão legislativo promove e defende publicamente a transparência e ética das atividades de lobbying. Como faltava descobrir nomes de portugueses ligados a instituições catari, lá surgiu reportagem que roça o plágio de uma notícia de 2018 da Mediapart. Nada mais que o habitual sensacionalismo com pormenores descontextualizados ou, no mínimo, desatualizados sobre a International Centre for Sport Security (ICSS) e, em particular, a Sport Integrity Global Alliance (SIGA). Esta tem Emanuel de Medeiros como seu CEO global entre outros portugueses envolvidos. A SIGA tem desenvolvido trabalho e parcerias como nenhuma outra entidade desportiva conseguiu fazer em tão pouco tempo. Só há orgulho para jogadores da Seleção? E os conterrâneos que projetam o desporto lá fora?