Sérgio Conceição é abraçado por Emerson Royal depois da conquista da Supertaça italiana diante do Inter
Sérgio Conceição é abraçado por Emerson Royal depois da conquista da Supertaça italiana diante do Inter
Foto: IMAGO

Sérgio Conceição anunciou-se a si próprio e com estrondo a toda a Itália

OPINIÃO10:00

Treinador português pode finalmente expor, ao serviço de um Milan com outra massa crítica, todas as qualidades que lhe fomos reconhecendo durante anos no FC Porto

Só podia ser assim. Com estrondo. Sérgio Conceição regressou a Itália, com a promessa de abanar o calcio até às suas fundações, graças ao furacão de emoções sobre o qual se movimenta, mas também à argúcia que foi acumulando no lado estratégico do jogo.

Finalmente ao leme de um grupo de trabalho com qualidade em todos os setores, depois de anos a fio de constrangimentos no Dragão, e mais formatado inclusive para alguém com ideias como as suas do que propriamente para as de Paulo Fonseca, escolhido antes contra uma corrente de futebol de transições que inundou San Siro em quase cinco anos de Stefano Pioli, o treinador português começou desde o primeiro momento a gritar ao mundo ao que vem.

Teve paciência, não aceitou o primeiro convite, soube esperar pelo certo. Em dois encontros de elevado grau de dificuldade, diante da sempre incómoda Juventus, que tenta renascer nas pinceladas de irreverência criativa de Thiago Motta, e do arquirrival Inter, criado em laboratório por outro estratega, Simone Inzaghi, Conceição virou resultados negativos e conquistou o primeiro troféu em solo transalpino, a Supertaça. Já não irá a tempo, muito provavelmente, de resgatar o scudetto para o lado vermelho da Lombardia, porém ganhou certamente muito mais do que um primeiro título.

Mais consolidada pelo trabalho que será desenvolvido no novo processo, depois de já ter levado a que, em apenas duas partidas, atletas, adeptos e dirigentes – e numa altura de mercado – passassem a confiar nas suas ideias, a equipa irá galgar degraus e terminar mais acima na tabela, começando então aí sim a apontar ao título já na próxima temporada.

Mais ao jeito de Capello do que de Sacchi, e quebrada a ligação emocional que pode ter catalisado os excessos do passado, é provável que o grandioso Milan tenha encontrado técnico à sua medida. Era mesmo a isto que nos referíamos quando dizíamos que gostaríamos de ver Sérgio Conceição ao serviço de um emblema com outra capacidade. Porque o merece.

Ao mesmo tempo que Ruben Amorim ainda procura a continuidade dos fogachos frente a City e Liverpool na alma dos red devils e Marco Silva mantém o seu Fulham num estável 9.º lugar, o terceiro posto do Forest de Nuno Espírito Santo, com os mesmos pontos do vice Arsenal, merece igualmente ser sublinhado e elogiado. Um trabalho incrível numa equipa sem estrelas, mas muito bem organizada. Há um novo xerife na cidade. E este é dos bons. E dos nossos.