Seleção sem estatutos
Roberto Martínez. Foto: Miguel Nunes

Seleção sem estatutos

OPINIÃO04.07.202409:30

Os nomes não ganham jogos, muito menos com a França. Curiosamente, Portugal é mais forte com os mais fortes do que com os mais fracos

Chegou a hora de Portugal mostrar o que vale. A Seleção Nacional partiu para a Alemanha como uma das favoritas, mas este Euro, não há como contornar, tem sido uma desilusão. Frente a quatro seleções de segunda divisão europeia, os resultados não foram animadores e as exibições nada convincentes.

É já histórica a dificuldade que Portugal sente para ultrapassar equipas de matriz defensiva, que apostem num bloco baixo. Assim foi na estreia com a Chéquia, assim foi no último jogo, já a eliminar, com a Eslovénia. Pelo meio uma vitória fácil sobre uma Turquia de altos e baixos e uma derrota diante da Geórgia, num jogo, na realidade, apenas para cumprir calendário.

Amanhã começa outro Euro. O Euro dos gigantes. E nos quartos de final estão praticamente todos os favoritos: Espanha, Alemanha, Portugal, França, mais Países Baixos e Inglaterra. Falta só a Itália, que caiu frente à surpreendente Suíça e, talvez, a Bélgica, que o calendário empurrou para o caminho da França. É a hora das decisões. Agora, qualquer erro pode custar a eliminação. E Portugal tem cometido vários.

Roberto Martínez já encontrou o seu onze e ninguém espera alterações. Não questiono o 4x3x3 que elegeu, tão-pouco os jogadores para o interpretar. O selecionador está a solidificar a sua equipa e compreendo e até concordo com praticamente todas as opções. As iniciais, entenda-se. O que considero bem mais discutível são as alterações durante os jogos. A equipa tem sido muitas dificuldades para furar as muralhas adversárias e em muitos desses momentos Roberto Martínez parece ter olhado mais para os nomes do que para o rendimento. Como diante da Eslovénia. Com Bruno Fernandes, Bernardo Silva ou Cristiano Ronaldo esgotados e desinspirados, os sacrificados foram Rafael Leão e Vitinha, que até estavam a ser dos melhores. Para isso mais valia não mexer e deixar as substituições para os últimos minutos, como já fez…

O selecionador não pode olhar a estatutos. Os nomes não ganham jogos, muito menos com a França. Só a melhor Seleção Nacional pode ultrapassar os vice-campeões do mundo. Curiosamente, Portugal é mais forte com os mais fortes do que com os mais fracos. O que é um bom indicador. Amanhã será mais pressionado, mas também terá mais espaço. E aí nesses momentos que os nossos maiores talentos mais facilmente podem fazer a diferença. Sejam eles os que entrarem de início ou os que forem lançados a partir do banco…