Schmidt teve finalmente ‘Tino’
Grande dérbi teve um enorme Florentino (Foto: IMAGO / ZUMA Wire)

Schmidt teve finalmente ‘Tino’

OPINIÃO04.04.202409:00

Melhor Benfica da época criou muitas dificuldades a um justo finalista da Taça

Primeiro, um obrigado! O dérbi foi fantástico! Leal e respeitoso, apesar da tamanha rivalidade que se abate sempre sobre o estádio em que se disputa. Toda a esperança que tenho de que um dia o futebol português respire um ambiente menos poluído e ruidoso, sem perder uma competitividade que até poderia ser mais abrangente, está naquela imagem de Quaresma abraçado a João Neves e depois a Tiago Gouveia. O que rodeia o campo deve ser mais aquilo e não o habitual cheiro a napalm pré e pós-jogo. E nada melhor do que a juventude talentosa que temos, com tanto ainda para dar, a deixar um exemplo que vale ouro.

Na Luz, houve futebol. Estratégia, emoção, boas jogadas e erros. Qualificou-se, somados os 180 minutos, a equipa que foi mais equilibrada e sólida, mesmo que pela frente tenha encontrado um rival a assinar a melhor exibição da época e a reencontrar-se finalmente com um potencial que, pelo menos, a coloca a par dos verde e brancos em termos de ambição. O Sporting sofreu, mas sobreviveu, e vai poder disputar a grande final. Já o Benfica pode crescer desde este patamar, apesar da dimensão do próximo embate, não decisivo, contudo importantíssimo na corrida ao troféu mais desejado.

Com Florentino a dar o tom, sobretudo no momento da reação à perda, levando atrás Neves, Aursnes e até Bah, os encarnados apresentaram uma rara agressividade defensiva, que começou nas próprias cabeças e a qual eu chamo de verdadeira intensidade. Não se trata de correr de um lado para o outro, disputar a bola por ar e chão, mas sim estar ligado mentalmente durante os 90 minutos. Como estiveram.

Nem sempre os blocos se aproximaram no momento sem bola – continua a ser relevante e quase autodestrutiva a distância entre o duplo-pivot e a linha defensiva – e houve erros de abordagem coletiva (no primeiro golo, permite a previsível e recorrente bola longa para Gyokeres) e individual (Trubin a voltar a mostrar debilidades, apesar das inúmeras defesas milagrosas que leva desde chegou), porém, exceto a Atalanta, nenhum outro adversário criou tantos problemas aos leões. E Roger Schmidt já não terá de partir para sábado com uma folha em branco, como tem acontecido desde o início da época. O alemão terá percebido que os desequilíbrios que queria criar não compensavam os que consentia. Mesmo que os erros no mercado, nos laterais, sejam irreparáveis e limitativos, e Amorim já prepare resposta.

O técnico leonino foi fundamental ao intervalo. St. Juste esteve mais concentrado do que Diomande e era preciso saber quebrar a pressão contrária, Matheus Reis vigiou Di María mais de perto do que Nuno Santos e Geny entrou para expor Aursnes, o que Esgaio nunca antes fez, e levar a bola para terrenos mais próximos da baliza de Trubin. As substituições funcionaram e deram aos leões algo a que se segurar apesar da forte corrente contrária, que acabou penalizada pelo cansaço que se abateu nos últimos minutos, não só pelo que o jogo obrigou, mas também por carregar mais jogos nas pernas.

No sábado, há mais. E ainda bem!