Rui Costa fica nas mãos de Bruno Lage
Rui Costa quis manter o projeto desportivo e aguentou Schmidt até onde pôde. Foto: Miguel Nunes

Rui Costa fica nas mãos de Bruno Lage

OPINIÃO05.09.202404:00

Presidente sabe que o Benfica tem de ganhar. Até porque há eleições no próximo ano e a oposição não pára de movimentar-se…

Bruno Lage foi o eleito por Rui Costa, como era previsível. O presidente do Benfica, contra a vontade da maioria dos adeptos e também de uma franja dos dirigentes encarnados, acreditou que a solução poderia ainda passar por Roger Schmidt e enganou-se. Os indicadores estavam lá todos, depois de uma época dececionante, na qual nem a conquista da Supertaça amenizou. O alemão nunca percebeu a dimensão do clube. O Benfica é muito grande e tem adeptos muito exigentes. Querem vitórias e títulos. Todos os anos. E não lhes basta vencer, a equipa tem também de convencer.

 Roger Schmidt nunca entendeu isso. Foi sempre um treinador frio e distante. No campo e na comunicação. Inconcebível como em mais de dois anos nunca pronunciou uma palavra em português. Nem um bom dia ou um obrigado. E as explicações depois de muitas exibições bem cinzentas simplesmente incompreensíveis. Foram inúmeros os jogos que só o alemão viu. Pelo menos, de que só ele gostou. Assim começou por perder os adeptos e depois, acredito, também o grupo.

Não digo que Rui Costa tenha sido o último a percebê-lo, pois é ao presidente a quem cabe tomar as decisões. E despedir um treinador acarreta milhões. No caso de Schmidt muitos… milhões. Rui Costa quis manter o projeto desportivo e aguentou-o até onde pôde. Difícil é entender que depois de uma derrota em Famalicão e um empate em Moreira de Cónegos na época transata tenha decidido manter o treinador e agora, decorridas apenas quatro jornadas, tenha-o despedido depois de uma derrota em Famalicão e um empate em Moreira de Cónegos!

Com esta hesitação, o Benfica perdeu todo o defeso e deixou fechar o mercado. Tudo fica, obviamente, mais complicado, o que ajuda a explicar a opção por Bruno Lage. Rui Costa ficou sem tempo, pois sabe que tem de ganhar. Até porque há eleições no próximo ano e a oposição não pára de movimentar-se…

Nem todos os treinadores aceitam um projeto com a época em andamento, mesmo que o banco seja o do Benfica. Mais: sou daqueles que considero que o campeonato português não é tão desequilibrado quanto muitos querem fazer crer. Há cá muitos treinadores muito bem qualificados e que têm o dom de fazer muito com pouco. Por isso são cada vez mais requisitados. Quero com isto dizer que seria um risco tremendo para o Benfica apostar nesta conjuntura num estrangeiro.   

Considero boa a aposta em Bruno Lage, mas não deixa de ser um risco. O treinador conhece o clube como poucos e a favor tem o facto de ter assumido o comando técnico dos encarnados com a época 2018/2019 em andamento, substituindo Rui Vitória e a sete pontos do FC Porto, e tê-la terminado como campeão.  Contudo, na temporada seguinte foi ele a perder sete pontos de vantagem para os dragões e o título. Os insucessos no Wolverhampton e Botafogo também não o ajudaram a recompor-se.

Tem agora mais uma e bela oportunidade. E sabe que tem de ganhar. Sabe-o ele e sabe Rui Costa, que fica agora nas mãos de Bruno Lage.

Que a escolha não tenha sido uma fezada, como pareceu a continuidade de Schmidt. Os indicadores são bons, até pela contratação de Akturkoglu. Um extremo fechado à última hora. Só pode ter sido para encaixar na ideia de jogo de… Lage.

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