Rúben Amorim visto do Brasil
Saída de Rúben Amorim para o Manchester United também é notícia no Brasil (Imago)

Rúben Amorim visto do Brasil

OPINIÃO09.11.202408:00

'JAM sessions' é o espaço de opinião semanal de João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil

A notícia-bomba da Liga Portugal 2024/25 até agora — a saída de Rúben Amorim do Sporting para o Manchester United a meio da época, que deixa, de repente, o novato Vítor Bruno como mais longevo dos treinadores dos três grandes — chegou, inevitavelmente, ao Brasil.

Porque tudo o que é notícia no United é notícia no mundo e porque o futebol português, em particular os feitos do seu atual campeão, como o triunfo autoritário sobre o Manchester City, também vem sendo mais notado além-mar via transmissões na ESPN Brasil ou via streaming.

Entretanto, como de acordo com a teoria do caos, se uma borboleta bate as asas em Portugal pode formar-se um tornado no Brasil, imediatamente o Whatsapp deste colunista encheu-se de mensagens.

Primeiro o medo: «Pelamor [a forma abreviada do 'por amor de Deus’] só não vão agora pegar o Abel para o lugar do Amorim!» Depois a esperança: «Pelamor levem o cara do Palmeiras agora, na hora, João Pereira não com nada.»

Os palmeirenses sentem a mesma insegurança em relação à continuidade do seu treinador, o pluricampeão Abel Ferreira, que os sportinguistas sentiam em relação à continuidade do seu treinador, o pluricampeão Rúben Amorim. Saindo o treinador leonino, o temor acelerou os corações dos alviverdes paulistas.

Já os corintianos — e os são-paulinos e os santistas e não só — viram no passo dado por Amorim, pelas mesmíssimas razões dos palmeirenses mas invertidas, um sinal do fim do domínio do verdão no futebol paulista e brasileiro através da saída do insaciável Abel.

O salário do técnico em São Paulo, porém, afasta leões e outros animais da selva do mercado, como rapidamente constataram uns e outros, todos eles torcedores, claro está, da seleção brasileira, a jejuar em Mundiais desde 2002.

Daí que os mais entendidos em futebol europeu se tenham posto a fazer conjeturas canarinhas: se Amorim quiser um Coates em Old Trafford, com experiência, bom passe, calma e tranquilidade como armas, talvez Casemiro, já sem andamento para as batalhas por um milímetro quadrado do meio de campo, seja uma opção, abrigado no eixo da defesa entre os mais jovens De Ligt e Lisandro Martínez.

E como o próprio Dorival Júnior já admitiu que o Brasil está muito bem servido de centrais, pode optar por jogar com três, à Amorim, e convocar por isso cinco ou seis. Além disso, como os canarinhos não contam com médios indiscutíveis, daqueles titulares de caras, e passam por uma rara crise de laterais, o selecionador pode preferir jogar só com dois no meio-campo e dois alas bem abertos, outra vez à Amorim.

A saída do português, qual efeito borboleta, pode, portanto, gerar um tornado na cabeça de Dorival Júnior — e quem sabe ajudar a arrumar o onze do Brasil no Mundial-2026 rumo ao hexa.