Ronaldo, como sempre
Mais uma noite fabulosa de Cristiano. O seu primeiro hat trick em Turim serviu para a Juventus operar uma reviravolta histórica perante uma das equipas mais competitivas da Champions. Eliminar um Atlético de faca nos dentes que se apresentou em Turim com dois golos de vantagem é proeza impressionante mesmo para uma Juventus e um Ronaldo habituados a superar grandes desafios. O heptacampeão italiano, que não joga um futebol particularmente apelativo, reforça o estatuto de grande candidato à vitória na Champions e Cristiano pode continuar a sonhar com o hexa (que só Francisco Gento conseguiu) depois de assinar mais uma noite histórica na competição onde é, de facto, rei indiscutido. E aqui não resisto a sublinhar a coincidência: na primeira época pós-divórcio, o Real sem CR7 não passou dos oitavos… e CR7 sem Real segue para os quartos com mais uma tremenda proeza individual (o jeito que ele teria dado aos merengues no jogo com o Ajax…), de braço dado com o novo amor. É a vida. Ainda ontem, o Manchester City cumpriu com brilho e uma goleada histórica (sete!) a sua obrigação perante um ridiculo Schalke 04. Não, 07. A equipa inglesa joga belo futebol, mas convém aguardar por teste mais esclarecedor sobre a sua verdadeira capacidade europeia, coisa que felizmente nenhum fundo árabe pode comprar - embora ajude muito ter Pep Guardiola no banco.
Hoje completam-se os oitavos de final da Champions com dois choques de arromba: o Bayern-Liverpool, que deve dar uma batalha tremenda, com uma intensidade semelhante ou superior à de Anfield (0-0); e o Barcelona-Lyon (também começa 0-0), cimeira latina entre duas equipas boas de bola mas que, em boa verdade, já foram bem mais apelativas. Do ponto de vista do FC Porto, o nosso representante nos quartos, era ótimo que o Lyon causasse uma grande surpresa no Camp Nou (de preferência com Anthony Lopes a fazer o jogo da vida) e deixasse o prodigioso Messi e companheiros pelo caminho. Os franceses sempre eram um adversário mais acessível nos quartos (o FCP eliminou-os em 2004, curiosamente). Não deve acontecer, mas sempre lembro que não vemos um grande Barcelona na Champions desde 2015. Relativamente à cimeira de Munique, para os portistas passar Bayern ou Liverpool significa o mesmo: mais Salah, menos Lewandowski, mais Robben menos Mané, são dois tubarões aparentemente intratáveis. Aliás, a última vez que jogou com eles o FCP foi literalmente desfeito: 1-6 em Munique (2015) e um horrendo 0-5 em casa com o Liverpool há um ano.
Para o FC Porto, uma das melhores equipas europeias no modelo Champions (ver quadro em anexo), o sorteio desta sexta pode trazer um adversário bem mais acessível do que aqueles que lhe sairam nos quartos de final de 2015 (Bayern, o tal 1-6) e 2009 (Man. United… de Ferguson e Ronaldo). Aquilo que neste momento parece inacessível a uma equipa portuguesa - a qualificação para as meias-finais - é uma possibilidade, dadas as forças em parada e desde que o sorteio seja simpático como foi na campanha azul e branca de 2004 (lembre-se: Lyon nos quartos; Corunha nas meia-final; Mónaco na final). Atentem no trio que se apurou na semana passada - Ajax, Tottenham e este Man. United - e pensem se algum deles é assim tão claramente superior ao FC Porto em jogo jogado e, muito importante, em estofo europeu, traquejo nestas andanças. Eu acho muito sinceramente que não. Se algum deles calhar ao FCP, acredito que Portugal volta a ter hipóteses de ter um semifinalista na Champions. O tal sonho que passou a ser proibido.