Refresco de framboesa

OPINIÃO24.05.201904:00

1 O discurso de Bruno Lage nos últimos dias é como um refresco de framboesa no pico do Verão. Mata a sede e tem um sabor nem demasiado doce de quem não tem consciência nem demasiado amargo de quem parece que a vida lhe virou costas para um lugar inóspito. Talvez seja mais fácil para quem as expectativas em termos do seu trabalho não fossem elevadas por aí além falar de uma forma desabrida e sensata daquilo que no princípio e no fim é o futebol - um desporto. Mas talvez fosse ainda mais fácil para muitos dos protagonistas não transformarem o futebol numa questão de vida ou de morte. Pode ser fácil falar assim quando se ganha, mas ainda é mais fácil de o fazer quando se tem algo que devia ser inerente a qualquer dirigente, ou melhor, a cada pessoa bem formada que ocupe qualquer cargo de relevância. A palavra ainda tem algumas letras mas não é muito difícil de pronunciar: R-E-S-P-O-N-S-A-B-I-L-I-D-A-D-E.

2 Um refresco de café é o que Frederico Varandas está a servir a Wendel quando o obriga a doar ao Centro de Reabilitação de Alcoitão um valor igual ao da coima que lhe será aplicada por ter sido apanhado a conduzir sem carta. O presidente não tira ao brasileiro o gosto de jogar a final da Taça mas pode ser que o café sirva para o acordar para a realidade. E se o brasileiro perguntar o que é Alcoitão, talvez melhor do que lhe explicar o que é pode ser levá-lo lá. E então verificar que uma irresponsabilidade continuada ou momentânea pode deixar marcas, em nós ou nos outros, nefastas para todo o sempre. Mas estamos sempre a tempo de aprender, tanto na vida como no futebol. Basta querermos.