JAM Sessions Recorde de transferência no futebol brasileiro
JAM Sessions é o espaço de opinião semanal do jornalista João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil
Os 20 clubes da Série A do Brasileirão superaram em transferências, ao longo das duas janelas de mercado de 2024, pela primeira vez na história, os dois mil milhões de reais — equivalente a 320 milhões de euros. O advento das SAD, que no Brasil se chamam SAF (Sociedade Anónima de Futebol), explica, em boa parte, o fenómeno: sete clubes, dos quais quatro SAF, passaram os 100 milhões de reais, isto é, os 16 milhões de euros investidos.
No topo, a SAF de John Textor no Botafogo — sim, o mesmo americano que quis investir no Benfica — com incríveis, para a realidade brasileira, 51,5 milhões de euros gastos em reforços. Mas Flamengo e Palmeiras, os clubes mais vitoriosos do país nos últimos anos, gastaram 43 e 30 milhões, respetivamente, nos mercados de verão (inverno na Europa) e de inverno (verão na Europa).
O argentino Thiago Almada, ex-Atlanta United, foi o jogador mais caro: custou 19,6 milhões de euros ao fogão, o mais alto valor investido da história do país. Outro argentino, Charly Alcaraz, rumou ao Fla por 17,5. Em seguida, mais um botafoguense, Luiz Henrique, que custou 13,7 milhões, e mais um flamenguista, o uruguaio De La Cruz, transferido para os rubro-negros por 12,4.
«O arcabouço jurídico das SAFs permitiu que os clubes pudessem reorganizar-se financeiramente e renegociassem as suas dívidas, além de favorecer as SAFs no pagamento mensal de um tributo unificado, limitado a 5% sobre as receitas mensais, excluindo-se a receita com transferências de jogadores», destacou José Francisco Manssur, sócio do escritório CSMV Advogados e um dos autores do projeto de lei que criou as sociedades, a A BOLA.
«Observamos um aumento significativo nas entradas de capital local e internacional nos clubes, que estabiliza financeiramente as equipas e abre portas a um crescimento sustentável a longo prazo», completou Fernando Lamounier, Head de Marketing da Multimarcas Consórcios.
«Optamos por ser SAF porque entendemos que seja um caminho que renderá grandes frutos à instituição e que poderá fortalecer ainda mais o grande momento que vivemos, o Fortaleza busca atualizar-se constantemente para seguir brigando por grandes conquistas, a partir de uma gestão saudável e profissional», defende, entretanto, Marcelo Paz, CEO do Fortaleza.
Na outra extremidade está o Juventude, clube que menos investiu, 143 mil, mas ainda assim num respeitável 14.º lugar da tabela. «Quando alcançamos o equilíbrio financeiro, também conseguimos ser competitivos na parte técnica», explicou o presidente do clube, Fábio Pizzamiglio. «Temos que diminuir a distância de orçamento para as principais equipas, a busca por novas receitas também é constante, pois isso pode fazer com que sonhemos com voos maiores».