Recorde de transferência no futebol brasileiro
Thiago Almada, médio argentino de 23 anos, foi contratado este ano pelo Botafogo ao Atlanta United (IMAGO)

JAM Sessions Recorde de transferência no futebol brasileiro

OPINIÃO07.09.202408:15

JAM Sessions é o espaço de opinião semanal do jornalista João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil

Os 20 clubes da Série A do Brasileirão superaram em transferências, ao longo das duas janelas de mercado de 2024, pela primeira vez na história, os dois mil milhões de reais — equivalente a 320 milhões de euros. O advento das SAD, que no Brasil se chamam SAF (Sociedade Anónima de Futebol), explica, em boa parte, o fenómeno: sete clubes, dos quais quatro SAF, passaram os 100 milhões de reais, isto é, os 16 milhões de euros investidos.

No topo, a SAF de John Textor no Botafogo — sim, o mesmo americano que quis investir no Benfica — com incríveis, para a realidade brasileira, 51,5 milhões de euros gastos em reforços. Mas Flamengo e Palmeiras, os clubes mais vitoriosos do país nos últimos anos, gastaram 43 e 30 milhões, respetivamente, nos mercados de verão (inverno na Europa) e de inverno (verão na Europa).

O argentino Thiago Almada, ex-Atlanta United, foi o jogador mais caro: custou 19,6 milhões de euros ao fogão, o mais alto valor investido da história do país. Outro argentino, Charly Alcaraz, rumou ao Fla por 17,5. Em seguida, mais um botafoguense, Luiz Henrique, que custou 13,7 milhões, e mais um flamenguista, o uruguaio De La Cruz, transferido para os rubro-negros por 12,4.

«O arcabouço jurídico das SAFs permitiu que os clubes pudessem reorganizar-se financeiramente e renegociassem as suas dívidas, além de favorecer as SAFs no pagamento mensal de um tributo unificado, limitado a 5% sobre as receitas mensais, excluindo-se a receita com transferências de jogadores», destacou José Francisco Manssur, sócio do escritório CSMV Advogados e um dos autores do projeto de lei que criou as sociedades, a A BOLA.

«Observamos um aumento significativo nas entradas de capital local e internacional nos clubes, que estabiliza financeiramente as equipas e abre portas a um crescimento sustentável a longo prazo», completou Fernando Lamounier, Head de Marketing da Multimarcas Consórcios.

«Optamos por ser SAF porque entendemos que seja um caminho que renderá grandes frutos à instituição e que poderá fortalecer ainda mais o grande momento que vivemos, o Fortaleza busca atualizar-se constantemente para seguir brigando por grandes conquistas, a partir de uma gestão saudável e profissional», defende, entretanto, Marcelo Paz, CEO do Fortaleza.

Na outra extremidade está o Juventude, clube que menos investiu, 143 mil, mas ainda assim num respeitável 14.º lugar da tabela. «Quando alcançamos o equilíbrio financeiro, também conseguimos ser competitivos na parte técnica», explicou o presidente do clube, Fábio Pizzamiglio. «Temos que diminuir a distância de orçamento para as principais equipas, a busca por novas receitas também é constante, pois isso pode fazer com que sonhemos com voos maiores».