Quanto vale Sérgio Conceição?
Foi um Pinto da Costa igual a ele próprio. De conselheiro de Luís Filipe Vieira a solidário com Fernando Madureira
Jorge Nuno Pinto da Costa apresentou a candidatura à presidência do FC Porto, num Coliseu cheio de portistas, mas praticamente vazio de novidades.
O discurso de Pinto de Costa foi mais do mesmo. O líder azul e branco passou mais tempo a puxar dos galões do que propriamente a falar do futuro. Atirou palavras para o lado de Villas-Boas, apontou a Angelino Ferreira – et voilá, o responsável do momento mais custoso da SAD que, curiosamente, coincide com o último tricampeonato portista e engloba a campanha vitoriosa de Villas-Boas –, falou do centro de estágio pela enésima vez e, como não podia deixar de ser, criticou a comunicação social que tem sede em Lisboa - que culminou com o lançamento de isqueiros para a imprensa, fosse ela de onde fosse...
Foi, enfim, o Pinto da Costa que venceu sucessivas eleições, com pouca concorrência ou sem ela. Foi o Pinto da Costa que levou o clube para o sucesso desportivo dos últimos 40 anos. Foi o Pinto da Costa que moldou o dirigismo do futebol português. Foi o Pinto da Costa que ainda esta semana se revelou conselheiro de Luís Filipe Vieira por causa da Justiça e que ontem mesmo se mostrou solidário com Fernando Madureira, sem olhar a suspeitas ou sequer mencionar referências a comportamentos que foram vistos por todos. Foi um Pinto da Costa igual a ele próprio, no fundo. O que se percebe, perfeitamente.
Sem nada de muito novo para apresentar, ao presidente em exercício resta mostrar aos sócios que têm nele a segurança dos anos dourados. Que ele é, acima de tudo, espécie de certificado maior na garantia de sucesso, com base em tudo o que fez, muito menos do que se propõe a fazer.
Nesse sentido, espantaria se o Coliseu não enchesse. No apoio ao presidente estiveram figuras públicas e dragões anónimos, todos notáveis como referiu. Mas como há uns mais significativos que outros, o momento mais simbólico de todos não veio do discurso do líder portista. Veio mesmo da presença e do abraço sentido de Sérgio Conceição. O treinador não precisa de dizer mais nada sobre as eleições de abril. Com um só gesto, «deu-se» ao homem que tem liderado o clube em mais de 40 anos e, quem sabe, ter decidido a cabeça daqueles que, indecisos, preferem a segurança do que é, do que o risco do que pode vir a ser.
Polícia e futebol
Em tese, não seria necessária polícia num campo de futebol; como em tese, também não seria precisa no resto da nossa vida. Mas ela existe por uma razão: para proteger quem necessita. Isso não sucedeu em Vila Nova de Famalicão, como todos vimos.
Apesar da luta policial, não ignoremos que há um problema maior. Não é só com a ação da autoridade que se resolvem os constantes atos de violência no futebol português. É com a ação dos próprios clubes, que, na sua maioria, continuam sem o entender. Ou pior, não querem.