Portugal no mapa das grandes transferências
Olivia Smith exibe nova camisola, no Liverpool - Foto LiverpoolFC.com

Portugal no mapa das grandes transferências

OPINIÃO04.07.202408:50

É preciso continuar a trilhar o caminho para gerar mais dinheiro no futebol feminino para todos os clubes

Estamos no defeso e há já alguns factos que permitem indicar que este será um verão com motivos para ficar na história.

Facto 1: É uma notícia confirmada – a americana Olivia Smith, de apenas 19 anos, deixa o Sporting e vai jogar no Liverpool a troco, diz-se, de 250 mil euros. O que é uma verba recorde para o futebol feminino português. Há um ano, recorde-se, a canadiana Cloé Lacasse rumou ao Arsenal deixando no Benfica cerca de 75 mil euros, segundo a Imprensa relatou na altura.

Facto 2: É uma notícia ainda não confirmada, mas garante a Imprensa muito perto de estar concretizada – a transferência de Kika Nazareth para o Barcelona permitirá ao Benfica encaixar cerca de 500 mil euros. Ou seja, a confirmar-se, será novo recorde absoluto em termos de encaixe para clubes do futebol feminino português. No espaço de poucos dias, o mesmo recorde é batido duas vezes.

Aos poucos, Portugal começa também a entrar no mapa das grandes transferências internacionais. A entrada de dinheiro é uma boa notícia, pois permite gerar novos investimentos, mais qualidade para o campeonato feminino, maior concorrência.

A Europa olha para Portugal como um bom mercado para investir, mas é preciso continuar a trilhar o caminho para gerar mais dinheiro para os clubes, para todos os clubes. E essa é uma tarefa que cabe à Federação cumprir, permitindo espaço a uma liga profissional que crie e distribua receitas de forma equitativa de modo a não se gerar um fosso entre os ditos grandes e os restantes. Até porque no final desta temporada serão três os emblemas a ter acesso às competições europeias.

Basta olhar para o exemplo que chega de Inglaterra, onde – segundo o Relatório Anual de Finanças da Deloitte – os emblemas da Superliga Feminina Inglesa geraram em 2022/23 50% mais receitas que na época anterior, chegando aos 48 milhões de libras de ganhos (mais de 56 milhões de euros), e as previsões apontam para que cheguem aos 68 milhões de libras (mais de 80 milhões de euros) no final desta época.

Fenómenos e realidades diferentes? Sim, mas porque em devido tempo se soube apostar no desenvolvimento sustentado naquilo que realmente interessa: oferecer às jogadoras as melhores condições para evoluírem.

Por cá, ainda temos muito a fazer.