OPINIÃO Portização
'Cortar a direito', por João Diogo Manteigas
A zona das Antas deu palco esta semana a uma mistura explosiva de choque entre mentalidades, coação e agressões. Escreve-se zona das Antas pois, logo no início daquela tentativa de Assembleia Geral (AG), ter-se mudado do local devidamente convocado para o efeito para outro sem qualquer votação prévia que validasse a deslocação. Existiu uma violação formal que nem merece ser impugnada tal foi a vergonha de atos que se sucederam.
Assistiu-se a um dos arguidos mais ativos do universo portista referir que o clube tinha três locais preparados para aquela AG. Não lhe explicaram que, estando marcada para aquele local específico, é ali que a mesma terá que ocorrer. Como se os associados se deslocassem a um local prontos para o debate e votação mas tendo que ter a mente aberta e disponível para a eventualidade de terem que passear pela zona das Antas até que alguma ilustre cabeça com poder decisório definisse o espaço mais adequado.
Só mesmo um beato devoto da atual igreja portista para classificar de «benfiquização» o sucedido nos dois locais distintos para uma AG cujo desfecho se adivinhava. Ao contrário da verborreia proferida pelo desconhecedor, o que existiu durante muito tempo foi uma portização do Sport Lisboa e Benfica, com um presidente que exerceu uma liderança não-benfiquista durante 18 anos por várias razões. Entre elas, à cabeça, por também ter sido sócio dos dois rivais diretos e tendo destruído a cultura democrática de um Clube que tinha como condão o pluralismo e a união. Basta ler a sua divisa plasmada no símbolo. Mas aceita-se que o beato daquela igreja (cujo sacerdócio caminha a passo rápido para o seu fim) não saiba ler latim.
Um outro indício claro de que a coação a que agora se assistiu in loco numa AG da zona das Antas tem origem na portização resulta, ainda, do facto do antigo presidente do SLB (e, já agora, dos dois rivais) ter chamado para junto de si, em determinados momentos passados, alguns membros da claque superior do FC_Porto e do Boavista. Para quê, pergunta o leitor? Para que a mente iluminada que declarou publicamente que «no Benfica há democracia a mais» pudesse ameaçar, em privado, algumas mentes que se insurgiam contra ele nas AG.