Ex-presidente explicou porque se recandidatou e nenhuma das duas razões apresentadas convence: Academia da Maia não tinha cobertura e um FC Porto campeão europeu… só em sonhos
A 4 de fevereiro deste ano, o Coliseu do Porto encheu para a apresentação da candidatura de Jorge Nuno Pinto da Costa. Antes de ser surpreendido pelo então treinador Sérgio Conceição - e do famoso abraço entre os dois -, o na altura presidente do FC Porto descansou os adeptos presentes e todos aqueles os que iam ouvindo teorias da conspiração sobre a sua recandidatura e sucessão. «Este será o meu último mandato, sem dúvida, mas vou cumpri-lo até ao fim», prometeu, arrebatado pelo apoio dessa tarde.
O presidente dos dragões confirmou a sua intenção de continuar no cargo numa cerimónia realizado no Coliseu do Porto; recordou o seu percurso no clube, criticou Villas-Boas, deu notícias acerca das finanças do clube e afirmou que, caso ganhe, este será o seu último mandato
É um facto que em campanha eleitoral (que Pinto da Costa disse que não ia fazer…) se diz muita coisa - e que nesta em particular se disparou em muitos sentidos por desespero -, mas aqui estamos, seis meses depois, a saber finalmente a verdade. Em entrevista à TVI, o antigo presidente portista revelou agora o plano que traçou. Afinal, o mandato não era para cumprir até ao fim, mas só durante um ano. E nessa altura, então, rejeitando as tais teorias sobre a sucessão, Pinto da Costa provocaria eleições e daria aos sócios a oportunidade de escolher… um ano depois da última vez. A democracia a funcionar, decerto.
Para o justificar, apontou duas razões: queria construir o centro de estágio e um FC Porto campeão europeu. Dois objetivos que os portistas certamente assinam por baixo e que, a julgar pelas décadas anteriores de sucesso, ninguém se atreveria a contrariar. Só que serão poucos os que ainda não acordaram dos sonhos pré-eleitorais. A Academia da Maia, sabe-se hoje, era uma impossibilidade financeira e, na melhor das hipóteses, só o arrastar de decisões que comprometeram o clube nos últimos anos poderia terminar a obra. Já um FC Porto campeão europeu, que PdC considerava possível assegurando a continuidade de Sérgio Conceição, parece muito pouco provável até com um Guardiola ou Ancelotti, dada a falta de qualidade nos plantéis acentuada precisamente na era do último treinador - não por culpa dele, que ainda assim ganhou na mesma, mas por causa das tais más decisões de gestão.
Um ano. Era do que a anterior administração precisava para concluir um projeto para o qual não havia dinheiro e para lançar as bases do FC Porto novamente campeão europeu, em risco de exclusão das competições europeias por incumprimento do fair-play financeiro e cada vez mais longe dos rivais na capacidade de adquirir jogadores muito acima da média, mas com um contrato de 4 anos assinado com Conceição nas vésperas das eleições... Um ano passa rápido, mas pelos vistos ia valer por muito tempo. Acredite se quiser.