Os que nunca caminham sós
ERAM muitos mais os adeptos do Liverpool em Madrid fora do estádio do que dentro do Wanda Metropolitano. Mas os que conseguiram transpor as portas do estádio do Atl. Madrid não caminharam sozinhos até lá. Além dos hectolitros de cerveja que carregavam no corpo, transportavam também na alma o sentimento dos milhares de amigos fãs dum clube mítico e quase místico. O Liverpool não ganha uma uma liga inglesa há 29 anos e vai construindo o seu palmarés pelas conquistas europeias, pois neste período arrebatou cinco troféus: duas Champions, uma Taça UEFA e duas Supertaças europeias. Podia ser paradigmático dum clube que nada ganha em termos caseiros mas tem sucesso fora de portas e aplicar-se num futuro próximo naquilo que querem transformar a Liga dos Campeões, como um clube fechado aos milionários em que nada interessa o que ganha em casa, o mais relevante é o vistaço que se faz na rua. Mas não é. O Liverpool tem uma aura gigantesca construída e não cresceu à sombra de um estado-Nação, como por exemplo o Manchester City. Os reds ganham ou perdem porque cometem os erros de quem não tem recursos ilimitados é obrigado a cometer. E é isso que faz toda a diferença. Como diz a frase, «o dinheiro não consegue comprar história» e a história faz-se sempre com alegrias ou tristezas, dramas ou glórias, alegrias e frustração, trabalho ou desleixo. No fundo, como a vida.
A não ser que se disponha sempre de um génio à mão de semear que nos consegue resolver todos os problemas, independentemente, do sítio, da hora , do local, do tempo ou do alinhamento dos astros. Mas esse é um privilégio que não está ao alcance de todos e, no caso, nem é financeiramente muito oneroso. Chama-se Cristiano Ronaldo. Às vezes também o querem isolar mas ele nunca caminha sozinho. Leva-nos sempre com ele.