Os meus cromos preferidos do Euro
Pepe já é conhecido como o dono das máquinas, em particular a de gelo (Imago)

Os meus cromos preferidos do Euro

OPINIÃO15.07.202406:00

Um a acabar, outro a começar, e o privilégio de os ver

Um terá rapado o cabelo pela última vez antes de representar Portugal. Intimida mais os adversários e dá-lhe aquele look característico, máquina quase zero. Quando usa o cabelo um pouco mais comprido, uma pessoa até estranha, é o contrário de Sansão, parece que perde a força. Jogou no Euro 2024 como sempre, como nunca mais. Calou os que questionaram o que ia lá fazer um jogador com 41 anos. Aconteceu mesmo até ao fim do jogo com a França, altura em que já nem clube tinha por ter acabado contrato. Diz que é o 'senhor das máquinas de gelo', quando eu nem me atrevo a tomar banho no mar da Caparica. Na despedida da Alemanha, deu a cara e esteve com os adeptos no aeroporto na Alemanha e depois em Lisboa. O tempo que foi preciso. Tirou fotos, deu autógrafos. Os fãs da Seleção e dele agradeceram, e seguramente ele também por receber um carinho tão merecido dos portugueses.

O outro rapa o cabelo todas as semanas, mas só dos lados. As rastas tem de arranjar de três em três meses. Fez 22 anos no dia 12 de julho e teve um bolo na concentração da seleção de Espanha. Durante muitos anos é isso que lhe vai acontecer: fazer anos em fases finais de Euros ou Mundiais, sem poder estar com a família, o irmão Iñaki, o pai ou a mãe – que atravessaram o Sahara a pé do Gana até Melilla -, que não o deixou comprar um carro mesmo tendo dinheiro. Joga com alegria, um sorriso sempre no rosto. Iñaki até já disse que ele próprio foi feito por necessidade, mas o irmão foi com gosto. Está agora a começar ao lado do amigo de seleção, Yamine, e possivelmente em breve de clube, se o Barcelona o conseguir ir ‘roubar’ a Bilbao. Um português e um espanhol. Um fim e um início que nos deu o torneio na Alemanha, dois extremos que se tocaram na minha cabeça como os cromos preferidos deste Euro. Pepe e Nico Williams, claro. Eles e os cartazes das guerras de comida.

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