O ‘umbigismo’
O umbigismo é uma doença transversal à sociedade, que não escolhe idades, sexo, cor, raça, religião ou extrato social. Nos últimos tempos têm saltado à vista muitos casos desta maleita. O mais mediático talvez seja o ocorrido no Real Madrid, quando Florentino Pérez aceitou vender o passe de Cristiano Ronaldo por valores a rondar os €100M - até pode ser considerado gestão danosa, se tivermos em conta que o mergulhador Neymar saiu do Barcelona há sensivelmente um ano por €222M.
O presidente dos merengues nunca conviveu muito bem com a dimensão do português e com a importância - merecida - que sempre lhe deram. Talvez daqui a um ano Florentino Pérez veja o tamanho do seu umbigo diminuir consideravelmente, quando a barriga não estiver saciada com mais uma Liga dos Campeões.
O umbigismo também tem sido uma epidemia que grassa sem clemência no Sporting. Primeiro, basta ver a quantidade de proto, pré ou pretensos candidatos que se perfilam para as eleições de 8 de setembro. Quando uma qualquer televisão pretender fazer um debate com todos, talvez seja melhor pedir ao Planetário de Lisboa para tirar o molde da circunferência a aplicar na mesa redonda…
O umbigismo de Bruno de Carvalho já não é novidade, mas só este explica a intenção de se candidatar ao ato eleitoral, mesmo depois de mais de dois terços dos votantes na Assembleia Geral de 23 de junho terem dito que pretendiam a sua destituição. Pode continuar a reclamar que foi uma golpada patrocinada por Álvaro Sobrinho, José Maria Ricciardi, pela comunicação social, pelos jogadores e pelo Gato das Botas, mas, a ser verdade, a tesoura seria sempre muito mais pequena da que usou para cortar os Estatutos. Na quarta-feira bem tentou usar mais vezes o ‘nós’ do que o ‘eu’, mas quando soltou a frase sobre Nani voltou a ficar à vista o seu ideário. O umbigismo é assim: é incontrolável, manifesta-se mesmo quando nos esforçamos para o esconder.