O troféu mais importante
Jesus & o Cristo-Rei
Eo nosso Jesus lá nos deu uma grande alegria, vencendo a Taça dos Libertadores da América. Alegria essa que, de modo simétrico, teve de ter um sabor necessariamente amargo para quantos o humilharam, antes mesmo de começar o seu trabalho. O que, no fim de contas, acaba até por desenganar quem pensava que o Cristo-Rei do Corcovado estava sempre de braços abertos para todos mas que não os fechava para abraçar ninguém. Pois sim (o que no Brasil significa não). Jesus, acolitado por um João de Deus e por um goleador angélico chamado Gabriel, conquistou um troféu muito mais importante do que aquela ou qualquer outra taça: o coração do povão.
Sonho que (sobre)vive
Decorreu esta semana o sorteio dos oitavos de final da segunda competição mais importante do futebol nacional - a Taça de Portugal. E o funil continua a apertar, pois que vamos já para a quinta (!) eliminatória, donde os sobreviventes serem agora apenas 16. Entre os dias 17 e 19 de Dezembro se ficará a saber quem passa aos quartos. Dois jogos chamam particularmente a atenção: Benfica x SC Braga e Sertanense x Canelas. Não escondo nem que gosto muito desta prova, nem que gostaria ainda mais se o Dragão a reconquistasse. Mas exultante à séria ficaria se a final pusesse frente a frente dois clubes do meu coração: o FC Porto e o Canelas. Que ninguém me diga que tal é impossível. É só deixar o sonho seguir o seu curso...
As lições do futsal
Declaração de interesses: nada tenho contra o futebol de praia, nem contra o futebol feminino, nem contra o futebol de salão, perdão, o futsal. O que se passa é que há modalidades pelas quais nutro verdadeira paixão, outras que me deixam indiferente e outras ainda que simplesmente abomino. A coisa é um pouco parecida com as minhas preferências gastronómicas - por exemplo, gosto de todas as frutas que já provei, com a singular excepção do dióspiro, que não aprecio mesmo nada. É como aquela aberração que atende pelo nome de curling e que consiste em lançar pedras de granito o mais próximo possível de um alvo, numa pista de gelo, utilizando para o efeito a ajuda de varredores. O que mais me intriga é haver quem ache que isto é um desporto - goste-se, ou não, de varrer ou atirar calhaus. E desporto com dignidade olímpica (desde 1924 para eles, desde 1998 para elas)! Mas deixemos o dióspiro e voltemos ao futsal. Para dizer que adoraria ver adoptadas pelo futebol quatro regras vigentes no futsal. São elas as seguintes: i) as substituições são ilimitadas e podem ser feitas a qualquer momento durante o encontro, individualmente ou em bloco; ii) o cronometrista pára o relógio sempre que o árbitro apita e os treinadores podem pedir uma paragem técnica de 60 segundos durante cada parte; iii) o guarda-redes não pode ter a bola controlada na sua área durante mais de quatro segundos, assim como na reposição da bola em jogo, na marcação de livres e nos pontapés de canto, o jogador na posse da bola também tem só quatro segundos para reiniciar o jogo, contagem feita pelo árbitro com os dedos no ar, sendo que se o jogo não for reiniciado dentro desses quatro segundos será marcado um livre indirecto à equipa adversária; iv) um jogador de campo pode entrar para o lugar do guarda-redes, mas o árbitro tem de assegurar que o chamado guarda-redes avançado usa um equipamento diferenciado. Acredito que a adopção destas regras em muito beneficiaria o espectáculo e a essência do próprio jogo. Mas sei de ciência certa que ficariam possessos de uma espuma raivosa aqueles resultadistas peritos em antijogo e dotados de uma magia capaz de fazer os ponteiros do relógio andarem no seu sentido inverso. Não poderia haver melhor notícia.
(Em tempo: não era necessário tanto sofrimento para vencer o Young Boys, pois não?)