O Sporting luta contra ele próprio
O Sporting, como qualquer campeão, tem um alvo nas costas. Parar o defensor do título já é um feito, travar este Sporting em específico será ainda maior.
Bruno Pinheiro disse que o leão se ia passear na Liga, Rúben Amorim acha que não, apesar de saber que é um privilegiado em relação aos outros treinadores da Liga. A verdade estará, diria eu, algures entre o que afirmou o treinador do Gil Vicente e o técnico campeão pelo Sporting.
Ninguém tem dúvidas de que Amorim é um treinador invejado, nem ele próprio como disse ontem ao responder a uma pergunta de A BOLA. Neste momento, o Sporting tem uma estabilidade que nem a anunciada saída de Hugo Viana abalou. Nem as lesões, muitas, que assolaram e afetam o plantel e obrigaram e obrigam o treinador a adaptar a equipa.
Facilmente se imagina a intranquilidade que tais factos gerariam ocorressem eles noutras latitudes. Porém, os resultados da equipa de futebol e o passado recente do leão – depois de muitos anos sem títulos, há reconhecimento e crédito largo a quem venceu dois em quatro anos - trazem-nos ao ponto em que estamos.
E qual é ele? É o ponto em que o leão segue em primeiro só com vitórias, 27 golos marcados e dois sofridos; é o ponto em que, na visão de Bruno Pinheiro, o Sporting é muito superior aos demais – dizem aqueles números e a consistência de exibições; é o ponto em que Armando Evangelista, treinador do Famalicão próximo adversário do leão (hoje), diz isto: «Estamos a falar do campeão nacional, do primeiro classificado esta época, mas não há equipas imbatíveis.»
O Sporting, como qualquer campeão, tem um alvo nas costas. Parar o defensor do título já é um feito, travar este Sporting em específico será ainda maior, pelo que haverá sempre uma motivação extra para ser-se o primeiro a consegui-lo.
A Liga ainda não poderá ser um passeio quando faltam várias idas ao Minho, uma deslocação ao Dragão e dois dérbis de Lisboa. E, já agora, uma Champions cuja primeira fase se prolonga até janeiro e traz natural desgaste.
Ainda assim, creio que a sensação deste momento é que o Sporting luta mais contra si próprio do que contra os outros 17 para chegar a um bicampeonato há muito ansiado.
Todas as mensagens de Amorim têm sido para manter a equipa alerta, numa ideia de que a supremacia demonstrada apesar de lesões e Viana pode levar a alguma complacência perigosa.
«Temos jogos em que, se tivermos rendimento, transmite uma mensagem para toda a gente. Diria que é um mês importantíssimo.»
Amorim tocou a reunir.