O saque no Dragão

OPINIÃO11:00

Administração anterior tem de ser responsabilizada judicialmente pelos atos de gestão danosa. Vítor Bruno com prova de fogo em Barcelos com o Gil Vicente: ou vai, ou racha!

A auditoria forense levada a cabo pela Deloitte às contas do FC Porto na última década e dada a conhecer esta semana ilustra bem a pesada herança com se deparou André Villas-Boas e a sua equipa assim que assumiu o comando total das operações, primeiro no clube e a muito custo na SAD. O que há muito se suspeitava vem agora à tona e o presidente dos dragões vai até às últimas consequências, que é como quem diz à barra dos tribunais, pois os culpados, independentemente do nome ou estatuto que tiveram no passado, não podem sair incólumes, mesmo estando ligados a êxitos desportivos.

O autêntico rombo nas contas permitiu a muita gente na esfera próxima de Pinto da Costa viver à grande durante os últimos anos, mormente os Super Dragões, cujos membros e familiares usufruíram de um beneplácito financeiro que lhes permitiu terem viajado às contas do FC Porto para países como Cuba, Tanzânia ou Maldivas. Mas a forma como os administradores viviam, à luz do que nos diz a auditoria, era de claro desplante, com despesas de representação sem justificação, tais como refeições, viagens e compras em relojoarias e joalharias.

Os associados do FC Porto têm agora a verdadeira noção dos erros cometidos no passado recente e que deram azo à situação paupérrima em que se encontra a instituição mais importante da cidade Invicta, com as dívidas a aparecerem todos os dias, embora André Villas-Boas e Pereira da Costa, com engenharia financeira, procurem colar os casos e levar o nome do clube novamente a bom porto.

Perante o que foi divulgado, André Villas-Boas não tem outro remédio que não seja enviar todo o dossiê que tem na sua posse para a esfera judicial, por forma a que os prevaricadores sejam responsabilizados por tamanhos atos de má gestão. Numa empresa cotada na Bolsa é assim que sucede e o FC Porto tem de ser ressarcido de quem tirou dividendos do clube para próprio uso. Os 19,5 por cento dos eleitores que votaram em Pinto da Costa nas eleições de abril do ano passado ainda têm a mesma opinião? Ou só vale atacar a atual Administação por causa dos resultados desportivos da equipa? O futuro do FC Porto enquanto instituição e SAD viável no mercado não tem interesse?

O LADO DESPORTIVO

Passando para o campo desportivo, as coisas também não correm de feição no Dragão. A humilhante derrota na Choupana voltou a gerar uma onda de contestação em torno de Vítor Bruno e que se arrasta também a André Villas-Boas, que mantém plena confiança no treinador. Já se sabe que no mundo da bola o que conta são as vitórias e o plano financeiro, por muito mau que seja, é sempre relegado para segundo plano.

Nessa conformidade, e para que o universo azul e branco volte a ter alguma estabilidade, é imperioso que o FC Porto conquiste os três pontos na deslocação a Barcelos. Vítor Bruno está no fio na navalha junto dos adeptos e carece de dar uma prova de vida e de competência. Um eventual desaire contra o Gil Vicente deixa-o numa situação insustentável junto da massa associativa e com André Villas-Boas a entrar num autêntico beco sem saída...