O sacrifício de Peseiro

OPINIÃO02.11.201803:17

Um par de telefonemas já a madrugada levava uns minutos (muito) consideráveis chegou para A BOLA colocar online em primeira mão a notícia do despedimento de José Peseiro. Objetivamente, pelo menos para um observador externo, não haveria razões extremamente plausíveis para, pelo menos agora, uma decisão tão radical de Frederico Varandas.

Afinal, o Sporting está a dois escassos pontos dos líderes do Campeonato, tem o apuramento em aberto na Liga Europa, continua na Taça de Portugal, embora tenha complicado as contas na Taça da Liga, que vale o que vale - quando se ganha é um troféu importante, quando se perde há, sempre, metas muito mais importantes.

Mas Peseiro acabou por ser arrastado pela onda que nasceu nas bancadas. Na entrevista que concedeu a A BOLA há menos de um mês, o então (ainda) treinador leonino fez um exercício de lucidez que custou muito a ouvir a uma larguíssima maioria de sportinguistas.

A relação com os adeptos, que desde o regresso a Alvalade nunca foi boa, deteriorou-se ainda mais, alcandorada por exibições muito titubeantes e declarações do treinador, no mínimo, estranhas - é muito pouco curial dizer-se que a exibição foi boa depois de perder em casa com uma equipa da Liga 2. Lembra a muito pouca gente.

Frederico Varandas, como é óbvio, não é obrigado a ficar com um treinador que não foi por si escolhido. É óbvio. Mas se a cada onda da bancada Varandas sacrificar um treinador, chegará a hora em que não haverá mais ninguém para sacrificar. A solução será fazer harakiri. Mas Varandas está no início e a verdade é que com Peseiro todos os jogos se arriscavam a ser um sacrifício na relação entre os adeptos e a equipa. O Sporting não precisa de samurais, mas de inteligência e de serenidade.