Nunca será um problema para o FC Porto, disse por duas vezes o treinador. Repetir uma ideia é também uma forma hábil de marcar uma posição. 'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa
A vitória do FC Porto contra o Casa Pia aliviou a pressão sobre Vítor Bruno e equipa, especialmente após quatro jogos sem vencer e a saída da Taça de Portugal pela porta dos fundos. O desafio em Famalicão será, sem dúvida, exigente, não só pela qualidade do adversário, mas também pela provável estreia de um novo treinador nos minhotos.
Depois do Casa Pia, Vítor Bruno reiterou, pela segunda vez consecutiva, que não será «nunca um problema» para o FC Porto. A primeira menção foi compreensível, na véspera de um jogo complicado contra o Anderlecht. No entanto, a repetição dessa afirmação, agora com um discurso mais assertivo, levanta questões sobre o destinatário da mensagem.
Treinador passa ao lado da contestação que se ouviu nas bancadas, reconhece que empate é pouco para mudar o ciclo que a equipa vive, mas acredita que o trabalho vai recompensar os dragões no futuro
É pouco provável que estas palavras se dirijam (só) ao presidente (apesar de ter dito que sim) uma vez que Villas-Boas tem demonstrado total apoio ao técnico, defendendo-o publicamente - com a sua experiência como treinador, compreende bem o contexto e a pressão associada a estas situações. Por outro lado, os adeptos continuam divididos: alguns aguardam com esperança um triunfo em Famalicão que una o clube, enquanto outros mantêm o desejo de uma mudança de liderança, sustentados pelas memórias do passado. Será que a mensagem de Vítor Bruno foi dirigida a este último grupo de adeptos? Talvez não.
O que parece claro é que o treinador está determinado a manter a sua abordagem e a sua confiança no processo. É uma posição firme que reflete o seu compromisso com a equipa e a sua visão para o futuro. Quem gostar, gosta, quem não gostar, paciência. E isso é para todos, dentro e fora do FC Porto.