O que disse Artur Soares Dias
Soares Dias (Foto Imago)

O que disse Artur Soares Dias

OPINIÃO22.07.202409:00

A arbitragem portuguesa não pode perder o que tem vindo a recuperar, a duras penas, nos últimos anos: o respeito e a dignidade da função face à sociedade onde se insere

Artur Soares Dias foi homenageado na última sexta-feira na AF Porto, pela forma como representou o futebol português no Campeonato da Europa de futebol.

Do discurso de agradecimento de Soares Dias, talvez valha a pena reter e refletir numa frase que encerra a mudança que estamos a viver na arbitragem, e à qual não tem sido dado o relevo que merece, porque somos sempre mais lestos a criticar do que a elogiar. Mas o que disse, então, de tão especial, o árbitro do Porto? Apenas isto, algo impensável há meia dúzia de anos: «Nos últimos tempos tenho sido ‘atacado’ nas ruas por portugueses anónimos, não com insultos e impropérios, triviais a qualquer árbitro, mas com ‘selfies’, elogios, abraços, beijos e muito mimo.»

Por várias razões, que não irei, aqui e agora, autopsiar, a arbitragem tem vindo a mudar, desde o tempo dos «apitos» e dos «quinhentinhos», até aos dias de hoje. Melhoraram-se os meios, mudaram-se as pessoas, apostou-se na qualidade, reforçou-se o escrutínio e, pouco a pouco, o que era uma área de poluição extrema, por vezes - demasiadas vezes - fétida até, passou a ser candidata a ‘bandeira azul’, esperando-se que o processo em curso não sofra revezes. Haja coragem de dizê-lo, a mesma coragem que foi precisa para denunciar as malfeitorias feitas no passado. Hoje, com a introdução da tecnologia e a adequação cada vez maior de todos à nova forma de arbitrar, não tenho qualquer dúvida ao afirmar que nunca houve no futebol profissional português tão poucos erros de arbitragem. Está tudo bem? Claro que não. Há muito para afinar? Evidentemente! Mas estamos no caminho certo, aquele que deve investir na independência do setor, a quem deverão ser, depois, pedidas contas pelos resultados obtidos. Estamos a meia dúzia de meses das eleições Federativas, o atual presidente do Conselho de Arbitragem ainda pode concorrer a mais um mandato, e vão-se ouvindo, aqui e ali, outros nomes para o desempenho dessas funções. Seja quem for que suceda a Fontelas Gomes (e até pode ser o próprio), é imperioso que não se ande para trás. A arbitragem tem recuperado algo precioso, a dignidade e o orgulho na função, e isso nunca mais pode ser posto em causa.   

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