O foco
A viagem de Rúben Amorim: não se trata de o treinador do Sporting poder ou não poder tratar da sua vida. Pode. Trata-se de ‘timing’, trata-se da forma
Não se trata de Rúben Amorim poder ou não poder tratar da sua vida. Pode - merece o estatuto que conquistou no Sporting, merece confirmar mais um título nacional que tem tudo para conquistar, merece dar o salto para uma liga de outra dimensão. Trata-se de timing, trata-se da forma. Porque o ainda treinador do Sporting não pode agora dizer que está com foco total na conquista do segundo campeonato nos quatro anos que leva de Alvalade: o foco principal é esse título, naturalmente, mas pelos vistos não é o foco total, porque há uma parcela dele que está, ou pelo menos estava, já virada para uma possibilidade de futuro fora do Estádio José Alvalade…
Amorim é perito na comunicação. E o que aconteceu nesta segunda-feira pode até ter sido comunicação, aproveitar para alguma mensagem passar: esta viagem a Londres fotografada e difundida terá sido obra do acaso? Porque se era para ser secreta seria mais prudente fazer a reunião em Lisboa, depois do clássico ou uma vez garantido o título, sem o ruído causado e os danos que pode causar - imagine-se um mau resultado no Dragão e não faltará quem aponte o dedo acusador ao treinador.
Ou terá sido apenas um erro de cálculo do empresário? Teorias e especulações mil nestas últimas horas em que a atenção do universo sportinguista se distraiu do que devia ser essencial: o clássico do Dragão, no domingo com o FC Porto, a corrida ao título que está tão perto para os leões.
O treinador, contas feitas, foi jantar a Inglaterra, com o West Ham. Chegou sorridente a Lisboa na madrugada de terça-feira e disse um «até sábado» aos jornalistas que o esperavam no Aeroporto Humberto Delgado. Certamente que na conferência de imprensa de antevisão do jogo no Dragão justificará o motivo da viagem a Londres, sem rodeios. Mas terá agora de explicar porque desdisse o que garantira há umas semanas quando prometeu nada de entrevistas de emprego quando muito se falava numa com o Liverpool.
Rúben é mestre na comunicação e vai sair-se bem na explicação. Mas nunca poderá agora dizer que o foco no título é total. Pelo menos no início da semana havia outro foco… Não fosse o que já deu ao Sporting e o capital de confiança que conquistou junto dos adeptos sportinguistas - não me lembro de se cantar o nome de um treinador desta forma em Alvalade, com a exceção de Sá Pinto mas situação explicada por afinidades antigas a uma das claques... - e não seria fácil sair deste imbróglio em que se meteu (ou o meteram). Por isso a expectativa na conferência de imprensa de sábado, nesta altura quase que mais esperada do que o próprio jogo.
Uma semana à... Real Madrid. Em quatro dias a equipa treinada por Carlo Ancelotti despachou o campeão europeu Manchester City na Liga dos Campeões e o Barcelona em La Liga. Jogos sofridos mas no final... ganha o Real. Así, así, así gana el Madrid!