O FC Porto que não se estranha
Galeno acreditou, atirou e foi feliz (Foto: Grafislab)

O FC Porto que não se estranha

OPINIÃO22.02.202409:00

Dragões vão a Londres em vantagem e o melhor elogio que tenho é dizer que é ‘normal’

O FC Porto é isto. Não só, obviamente. Mas é muito isto. Nunca é para este clube tão relevante como para os outros o momento, a forma, a abordagem ou até os jogadores disponíveis, porque no final se trata sempre de lutar do primeiro ao último minuto. Correr as todas as bolas, dar o corpo até a balas de canhão. Não decidirá todos os encontros, porém aproximará sempre os dragões de que tem melhores jogadores, maiores orçamentos e até ideias mais bem definidas, especialmente em competições mais curtas e a eliminar e sobretudo no seu estádio, empolgados por um público que festeja cada desarme, cada oportunidade, mesmo que mínima, de atirar à baliza.

Depois, há sempre o plano estratégico, em que técnicos como Sérgio Conceição conseguem esconder as fragilidades e potenciar as qualidades, acrescentando mais um nível à força global do conjunto. Ao assumir a superioridade do adversário, preocupando-se sobretudo com ocupação dos espaços e com o tornar do jogo desconfortável para os criativos através dessa atitude never say die, o FC Porto nunca virou a cara à tentativa de aproveitar essa exibição uma mudança abaixo que o Arsenal apresentou - mesmo ao acelerar um pouco mais na segunda parte, o 0-0 parecia um resultado aceitável para os gunners - e até amaldiçoou o azar naquela dupla finalização ainda na primeira parte de Galeno, que reagiu muito mais rápido do que toda uma defesa londrina habituada na Premier League a responder de forma veloz para não ser ferida por rivais de capacidade de decisão vertiginosa.

O FC Porto seguiu o plano durante os 90 minutos, com os restantes dez elementos a reagir ao batimento cardíaco de Alan Varela, resistiu fisicamente à exigência e depois teve em Galeno a inspiração e o atrevimento de que precisava para capitalizar todo o esforço deixado em campo. Parte em vantagem para a segunda mão e no Emirates será exigido mais do mesmo. A agressividade do seu adversário subirá e as dificuldades que enfrentará serão muito provavelmente maiores, porém estar a vencer a meio-caminho é ótima notícia, a que se aliará a resiliência, a garra, a crença e a vontade, muito própria, de honrar o emblema que se traz ao peito. Para já, chapeau! Mesmo que o FC Porto europeu seja muito isto e já não nos surpreenda.

Toque a reunir

Sporting, Benfica e SC Braga têm missões de grau de dificuldade diferente, depois dos resultados da primeira mão.

A vantagem dos leões é confortável, a superioridade é inequívoca e não se espera mais do que mais uma exibição afirmativa e a respetiva qualificação perante os suíços do Young Boys.

Já os encarnados partem em vantagem, têm bem mais argumentos e a obrigação de ultrapassar o Toulouse.

Os minhotos comprometeram muito o trajeto, mas estão a dois golos de igualar a eliminatória. É preciso crer, não é impossível para um bom SC Braga, embora esse pouco se tenha visto nas últimas semanas.